CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 25 de setembro de 2016

3 530 - Trabalhadores do café do Uíge aliciados para fugirem aos contratos

Cavaleiros do Norte do Parque-Auto, no Quitexe: 1ºs. cabos Agostinho 
Teixeira e Domingos Teixeira, furriel miliciano Norberto Morais (que 
hoje faz 66 anos!!!...) e 1ºs. cabos Rafael Farinha e Serra Mendes

Os furriéis milicianos Norberto António Morais
(mecânico) e António Maria Lopes (enfermeiro).
Ao fundo, vê-se a messe e bar de sargentos do Quitexe

O dia 25 de Setembro de 1974 foi quarta-feira, andava eu a fazer os cabeceiros de férias pela metrópole luandina, e o comandante Almeida e Brito participou em mais uma reunião no Comando do Sector do Uíge. Os tempos iam aparentemente fáceis mas, lá pelo norte angolano, era visível «a propaganda aliciante dos trabalhadores das fazendas para fugirem aos contrato» com os fazendeiros do café.
Cavaleiros do Norte do Parque-auto do Quitexe: os
condutores Delfim Serra e Joaquim Celestino, furriel
Norberto Morais, condutor José Gomes (de boné) e
mecânico Porfírio Malheiro (atrás), Encontro
de 2015, em Mortágua  
A situação, como facilmente se compreende, tinha «forçosamente reflexos no panorama económico do concelho» do Quitexe. Que era essencialmente cafeeiro.
O Livro da Unidade, sobre este tipo de propaganda, refere que estava a «ser incrementada pelo IN e/ou por agitadores e embora não tivesse o mesmo significado (nem paralelismo) que em concelhos limítrofes, a verdade é que começa a ter volume que se pode considerar elevado» e, por isso mesmo, «trará forçosamente reflexos negativos no bom andamento do processo regressivo da presença das tropas e da descolonização».
Estávamos em finais de Setembro desse ano de 1974 e, naturalmente não o sabendo (ou sequer adivinhando), muitas curvas iria ter esse processo descolonizador que levaria (levou) à independência de Angola.
O programa político continuava e confirmava-se a reunião de forças angolanas com o Presidente António Spínola, a 27 e em Lisboa, mas era conhecida e lamentada a não participação do Movimento Democrático de Angola e da Frente Socialista de Angola, organizações que nesta data de há 42 anos, convocaram reuniões dos respectivos directórios, para, segundo o Diário de Lisboa, «manifestarem a sua estranheza». 
Notícia do Diário de Lisboa de 25 de Setembro de 1974
Convidados, recordemos, tinha sido os directores do jornal «A Província de Angola» (Ruy Correia de Freitas) e da revista «Notícia» (João Fernandes», para além do Partido Cristão Democrata de Angola (António Joaquim Ferronha). E o escritor Domingos Vandunnen.
Outra notícia do dia tinha a ver com a UNITA de Jonas Savimbi, que ainda não era reconhecida pela Organização de Unidade Africana (OUA), embora admitindo que era preciso «ter este movimento em conta».
Um ano depois, nada se alterava: FNLA e MPLA mantinham as suas posições militares, mas cada qual (e a UNITA) alinhavando estratégias para o controlo do território.
Há 42 anos, lá pelo Quitexe, fez 24 anos o furriel miliciano das «mecânicas»: o Norberto Morais. Há momentos, e estando ele pelo Cartaxo (onde se achou com o 1º. cabo Florindo, enfermeiro) estivemos à fala e a conclusão é simples: está em grande forma e a contar ano atrás de ano. «Estamos nos sessentas, pá!!!..», disse ele, feliz da sua saúde e disposição. Parabéns!

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