CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

3 521 - Cavaleiros do Norte no Uíge e Angola em... Cabo Verde

Cavaleiros do Norte do Parque-Auto, nas oficinas do Quitexe. O pelotão
era comandado pelo alferes Cruz (quarto a contar da esquerda, de
pé), com o 1º. sargento Aires (o terceiro) e o furriel miliciano Norberto
Morais (o quarto, da direita, na segunda fila, de pé, óculos e mãos na cinta)
O 1º. cabo pintor Teixeira, o alferes miliciano Cruz e
o condutor Gaiteiro há dois anos, na Senhora da Hora,
em Matosinhos. Cavaleiros do Norte do Parque-Auto

O mês de Setembro de 1974 foi de férias (minhas), que me fizeram andar a laurear o queijo pela imensa Angola - de Luanda a Nova Lisboa, Lobito, Benguela, Porto, Gabela... Reencontrei familiares e amigos, em abraços que mataram saudades e nostalgias. Mas, obviamente, a vida continuou pelo norte angolano, onde os Cavaleiros do Norte iam no seu quarto mês de jornada uíjana. A CCS no Quitexe e as companhias operacionais em Zalala (1ª.), Aldeia Viçosa (a 2ª.) e Santa Isabel (a 3ª.).
O furriel Viegas de férias, há 42 anos,
na  ilha de Luanda e com o amigo e
conterrâneo (civil) Albano Resende
«A actividade operacional das subunidades manteve o ritmo e a orientação do mês anterior, dentro do contexto das determinantes superiores», relata o Livro da Unidade, acrescentando que eram «permanentes os patrulhamentos na ZA, nomeadamente nos pontos críticos em redor dos centros urbanos e aquartelamentos». Assim como «em apoio aos povos apresentados e às diversas fazendas». 
O futuro de Angola (soube-se nesse dia 16 de há 42 anos) foi discutido em Cabo Verde (no sábado anterior, dia 14), entre os presidentes António Spínola (de Portugal) e Mobutu Sese Seko (do Zaire e da OUA, Organização de Unidade Africana). «Se dependesse unicamente do general Spínola, a descolonização de Angola iria muito mais depressa», disse o líder africano, acrescentando, porém, que «os irmãos angolanos estão ainda divididos entre três tendências no seio do MPLA» e que em Kinshasa «continuamos a espera de uma frente comum».
O Diário de Lisboa de 15/09/1974
fala da reunião dos Presidentes
Spínola e Mobut em Cabo Verde,
sobre a independência de Angola
Mobut e o Zaire, recordemos, apoiavam a FNLA de Holden Roberto, nutrindo também simpatia pela Facção Chipenda, um dos ramos dissidentes do MPLA. Daniel Chipenda, de resto e nesta data, estava em Kinshasa. O MPLA tinha as suas bases no Congo (Brazaville) e na Zâmbia e, na pratica, estava impedido de circular no antigo Congo Belga (o Zaire), onde, relatava o Diário de Lisboa, já tinham sido presos «muitos dos seus militantes e guerrilheiros».
Activo estava, ao tempo, o Partido Cristão Democrata de Angola (PCDA), uma das várias organizações políticas criadas após o 25 de Abril. Num comunicado publicado no jornal A Província de Angola, sobre o encontro da ilha do Sal (Cabo Verde) «deplora(va) que essas conversações tenham sido efectuadas sem prévio conhecimento dos partidos e rodeadas de sigilo, o que significa, em linguagem simples, a decisão unilateral de Angola serem todos ou parte dos movimentos políticos excluídos do conhecimento do conteúdo dessas conversações» - mencionando-se a si mesmo, o MPLA, a FNLA e a UNITA,
O PCDA sublinhou também e «mais uma vez que a solução dos problemas políticos angolanos incumbe unicamente à população de Angola, por intermédio dos seus partidos políticos».

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