CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

7 342 - A véspera, há 49 anos, da posse do Governo de Transição de Angola!

 

Almeida Santos (em primeiro plano e da esquerda para a direita), Agostinho Neto (presidente
do MPLA), Melo Antunes, Holden Roberto (presidente da FNLA), Mário Soares e
Jonas Savimbi (presidente da UNITA) na Cimeira do Alvor (em 1975)

 

O ministro António Almeida Santos, da Coordenação Inter-Territorial, saiu de Lisboa a 30 de Janeiro de 1975, há 49 anos, para, no dia seguinte e em Luanda, «assistir às cerimónias da tomada de posse do Governo de Transição de Angola».
O governante iria representar (e representou) o Presidente da República, o general Costa Gomes, neste relevante passo do processo de descolonização de
Notícia do «Diário de Lisboa» de 30 de Janeiro
de 1975 e sobre a situação em Angola
Angola que, a partir do Uíge - no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre/Ponte do Dange - os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 acompanhavam à distância e muito expectantes.
A véspera fora tempo de chegada a Luanda da delegação da FNLA que, em voo da Air Zaire, viajou de Kinshasa e integrava os seus futuros elementos do Governo de Transição de Angola.
«Milhares de pessoas concentraram-se no aeroporto de Belas, tributando-lhe uma recepção entusiástica», reportava o Diário de Lisboa, em despacho da ANI, dando igualmente conta que «formou-se depois um longo cortejo automóvel, que atravessou algumas ruas da cidade, até à sede  daquele movimento» - presidido por Holden Roberto.
O MPLA, de seu lado, anunciou, em comunicado, que o presidente Agostinho Neto chegaria a Luanda no dia 4 de Fevereiro, uma «data histórica» para o movimento, dado que, frisava o mesmo documento, «foi na madrugada dessa da
ta de 1961 que o MPLA iniciou a luta armada pela libertação do povo angolano, atacando as cadeias de Luanda».
Muitos anos mais tarde, em 2006 e no aeroporto de Hong Kong, encontramos-nos com Almeida Santos - ambsnuma viagem a Macau . e recordámos, por algumas horas, estes heróicos tempos da independência de Angola e do histórico papel de Portugal no mundo.

O então major Almeida e Brito, em 1968, o
 tenente-coronel A. Amaral e o comandante
da CCAÇ. 1306, na Fazenda do Liberato

O comandante Almeida 

e Brito duas vezes por 

terras do Quitexe uíjano!


O tenente-coronel Almeida e Brito comandou o Batalhão de Cavalaria 8423 na sua jornada africana do Uíge angolano, mas já antes estiveram nesta ZA como oficial de operações do BCAV. 1917.
Major de Cavalaria de patente militar, ao tempo, chegou à vila uíjana a 30 de Janeiro de 1968 há precisamente 51 anos, indo render um camarada de armas em fim de comissão, passando a integrar o BCAV. 1917, comandado elo tenente-coronel António Amaral.
Uma das informações que retemos da nossa chegada ao Quitexe, a 6 de Junho de 1974, era a popularidade que lá criou entre a comunidade civil, é verdade, mas principalmente nas fileiras dos combatentes dos movimentos de libertação de Angola e do povo autóctone. Conhecido, então, por o Cavaleiro das Barbas - numa alusão, supomos, da sua extensão capilar facial.
Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito, oficial de Cavalaria e comandante do BCAV. 8423 (era tenente-coronel) atingiu a patente de general e comandou a Polícia Militar de Lisboa (após o regresso a Lisboa) e a região Militar Sul, sendo 2º. comandante da Região Militar Centro e da GNR, entre outros altos cargos militares. Faleceu a 20 de Junho de 2003, subitamente, aos 76 anos e já aposentado, no decorrer de uma viagem turística a Espanha.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!
O Fonseca, em 1º.plano.
Atrás dele, o Carvalho.
Mais atrás, Lajes e Flora

 

O furriel Fonseca não voltou
de férias de Portugal !


O Fonseca era furriel miliciano amanuense, veio de férias em Janeiro de 1975, devia voltar ao Quitexe no final do mês e... foi o voltas. 
Bem nos tinha dito ele!
José Carlos Pereira da Fonseca coordenava o SPM e era um filósofo, com ideias sociais que ultrapassavam as nossas fronteiras de conhecimento. Nada de pecaminoso, pelo contrário! Era mesmo, nele todo, o Fonseca, um tipo fixe, que se empolgava numa boa discussão política mas que «perdia» na argumentação, por ser impaciente na alegação: chegava à área, rematava, rematava..., mas falhava o golo, atirava ao lado ou defendia o guarda-redes. Quando veio de férias, com o Bento e o Monteiro, há 49 anos, «avisou-nos» que não voltaria ao Quitexe - o que achámos uma bravata. 
Era lá ele capaz de se tornar refractário!!!
Pois foi o que fez e mais nunca lhe foi posto o olho em cima.
Há para aí uma dezena e meia de anos, tive um pé de orelha com ele, ao telefone, ficando de um dia explicar como não voltou ao Quitexe, como arranjou tal cunha! Esse dia ainda não chegou e não sabemos, por isso, como e com que argumentos há 49 anos ficou por Lisboa, provavelmente envolvendo-se nas labaredas revolucionárias do tempo e, assim, prolongando para a eternidade as férias nascidas no Quitexe.
Estamos ainda para rever o esguio Fonseca, sempre bem penteadinho e de bigode a pentear-lhe o beiço, de ar aristocrático e passo miúdo, mas ligeiro, que galgava as ruas do Quitexe a ir e vir da secretaria do Comando.
Chegará esse dia? Não sabemos! 
Há poucas semanas, e por testemunho do sapador Gabriel Mendes, soubemos que o Fonseca chegou a estar no aeroporto para regressar a Angola mas que, para seu espanto, não entrou no avião - a ele dizendo que não ia. E ficou mesmo em Lisboa!
Se nos eês, um grande abraço, ó Fonseca! 

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