Hotel Apolo, o edifício ao fundo, na Rua do
Comércio da cidade de Carmona (Uíge) da Angola de 1975
Comércio da cidade de Carmona (Uíge) da Angola de 1975
A decisão de os Cavaleiros do Norte saírem de Carmona, rumo a Luanda, marcada para 3 de Agosto de 1975, foi naturalmente recebida com hossanas e muitas aleluias, pela comunidade militar. Não tanto pela civil e nomeadamente pela europeia.
Mas era inevitável: «Havia que encontrar uma opção para os dias futuros. Ficar em Carmona, com total descrédito das NT e perigosamente alvo das queixas e ataques da FNLA, nomeadamente reivindicando os desequilíbrios doutros locais, ou sair, antecipando um regresso a Luanda, num salvar de face e tentando evitar males futuros», lê-se no Livro da Unidade.
A decisão foi sair - o que, de resto, era inevitável, mais dia menos dia, nos termos do processo de independência (descolonização) então em curso.
A verdade é se repetiam incidentes entre as NT e os FNLA´s, os senhores locais da guerra entre irmãos angolanos. E com os civis, mais os europeus que os africanos. Aqueles, rapidamente perceberam que iriam perder o forro das costas - que era esse o papel das tropas: salvar vidas, evitar a destruição de bens e delapidação de património, garantir a segurança dos serviços nucleares da cidade (o hospital, as comunicações, o abastecimento de água e a energia eléctrica, os itinerários e as escolas, por exemplo) e pacificar o que era (im)possível.
A Rua do Comércio, que se vê na foto, foi palco de muitos desses incidentes e AQUI é narrado um deles. Mas muitos se anteciparam e somaram a este.
A 12 de Julho de 1975, hoje se passam 37 anos, iniciou-se um período (até ao dia 18) em que «em permanente situação de prevenção simples» na guarnição militar portuguesa, «houve que aguentar a provável ressaca da FNLA, face aos seus desaires (militares) em Luanda, Salazar e Malange».
Não foram fáceis os nossos dias de vésperas de sair de Carmona. Foram até muitos tensos e dramáticos.
A tua descrição dos factos à distância de 37(TRINTA E SETE) anos....ou seja, a memória, os escritos e as fotos......., porque era o que tínhamos naquela época, naquelas paragens, está perfeita!
ResponderEliminarContinuo a afirmar que fizemos o que nos permitiram fazer naquela fase, ou possivelmente até mais.........!
Convém não esquecer e relembrar o que se passava em Portugal (Continente) no pós-25 Abril 1974, porque há tanto povo com memória curta!
Um abraço.
Carlos Silva