CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 28 de julho de 2012

1 362 - A operação de saída de Carmona para Luanda

Bar Gomes, à direita, a cobertura sob a árvore


A rotação do BCAV. 8423 para Luanda, no adeus definitivo ao Uíge, foi anunciada para 3 de Agosto e envolveu «a esquematização e montagem de uma operação para esta saída, que não se anunciava fácil».
A 28 de Julho (hoje se fazem 37 anos) - como a 23 e 29 -, realizaram-se reuniões de trabalho com elementos do QG/RMA, de modo «a obter os meios necessários à execução de tal operação».
O ambiente na guarnição era de crescente descompressão e nem nos atemorizavam as notícias que nos chegavam de Luanda - onde se multiplicavam incidentes e à boca cheia se constava que militares cubanos estavam no terreno, em auxílio do MPLA. Por mim, nunca dei por eles.
Os últimos serviços faziam-se e também as últimas refeições na cidade - no Escape (o meu preferido e ao tempo muito modernaço e de inauguração recente) no Shop-Shop, no Chave de Ouro, no restaurante do aeroporto ou no das piscinas, ou umas petiscadelas no Bar do Eugénio, ou no Gomes, por aí fora.
De Portugal chegavam notícias: por exemplo, uma «manifestação reaccionária» em Aveiro (nas barbas da minha Águeda),
com padres, bispos e povo em defesa da Rádio Renascença .
«Uma ampla margem de segredo e ininteligibilidade afasta da maioria dos portugueses a possibilidade de perfeitamente compreenderem o processo revolucionário em curso», escrevia Vitor Cepeda Mangerão, amigo que ao tempo acabava o curso de Direito em Coimbra.
E o que quer isso dizer?, perguntei eu, com resposta dias depois:
«Há perguntas sem resposta clara, apesar da presença repetida de de altos responsáveis do MFA frente às câmaras de televisão. Há dúvidas que permanecem e se avolumam; há, sobretudo (o que é tão grave, que é o pior...), um crescente sentimento, e generalizado, de instabilidade íntima que leva, até, à não aceitação de verdades porventura evidentes e razoáveis».

Victor Cepeda Mangerão acrescentava pormenores que, lidos agora (35 anos depois), deixam concluir quanto certo estava o então jovem advogado quanto ao Verão Quente de 1975 que se levedava em Portugal.

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