CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 29 de julho de 2012

1 363 - Os incêndios das ruas de Julho de 1975!


Quartel do BC12, na saída de Carmona para o Songo. A amarelo, o bloco onde 
os furriéis viveram os últimos dias. A roxo, nota-se o depósito de água da parada


As malas faziam-se e fechavam-se, por Carmona, aos 29 para 30 e dias seguintes de Julho de 1975. De Portugal, chegam notícias de incidentes em Águeda, a 26: decorria o mercado-feira desse sábado e «um grupo de centenas de manifestantes assaltaram a sede do PCP», partindo vidros, forçando portas e entrado nas instalações, «onde se encontravam 15 militantes».
A GNR, comandada por um capitão, «foi impotente para impedir que se concretizasse a vontade dos manifestantes». Não houve confrontos físicos de gravidade, mas «mobiliário, fotocopiadores, camas, máquinas de escrever, ficheiros, arquivos, etc., foram arremessados para a rua e consumidos pelo fogo». E foram encontradas armas, entregues aos militares.
Os acontecimentos de Águeda (que agora reli, refrescando a memória num aerograma do amigo Fernando de Almeida, de 27 de Julho, que me chegou a 29 - faz hoje 37 anos, uma 3ª.-feira) eram a amostra do Portugal que medrava para o Verão Quente de 1975! O Portugal para que nós queríamos regressar, tão já quando possível. Na véspera, 2 de Julho, o general Costa Gomes presidira à abertura da Assembleia do MFA e afirmava que «as revoluções são um momento histórico que se aplica a um momento concreto, que é como é e não como sonhamos que deva ser».
O confuso momento que então se vivia - por Portugal e Angola -, num lado a revolução a procurar-se a si mesma; noutro, a querer construir-se um país mergulhado em guerra civil -, constrangia, de alguma maneira, a alma de alguns, na guarnição uíjana.
O Portugal livre e democrático crescia em manifestações de violência, cavando fosso enorme entre os sonhos dos cravos de Abril de 1974 e os incêndios das ruas de Julho de 1975! Ainda bem que, ao tempo, a verdura da idade não nos deixou ver (com olhos de ver e alma de sentir) a verdadeira gravidade da situação. Fomos evitados a algumas amarguras.

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