Gente do PELREC: Augusto Hipólito, José Monteiro, Joaquim Almeida e Jorge
Vicente (de pé). António Garcia (alferes), Manuel Leal, Francisco Neto (furriel)
e Aurélio Júnior (Barbeiro). Almeida, Vicente, Garcia e Leal já faleceram
Os dias iam “porreiros” pelo Quitexe, há 40 anos!! Chegavam cartas e aerogramas do “puto” e jornais que carreavam as notícias do Portugal que mudava de cor e de esperanças.
“Eu não percebo nada disto. O que eu vejo é muita gente a falar pelos cotovelos, a prometer tudo e mais alguma coisa, mas não vejo mais nada..., nós contiunamos a esfregar o corpo na terra”, escrevia a senhora minha mãe, na sua caligrafia muito certinha e arredondada, a cair para a direita, aprendida a desenhar em finais dos anos 20, do século deste número.
O Neto, regressado de férias e dos gostos namoradeiros que cultivava com a (sua) Ni, e de acasamentar o irmão mais velho - o Manuel Albuquerque, que jornadeara pela Guiné -, falava de um Portugal “com muita algazarra”.
Horácio Marçal, que a revolução apanhou com pouco mais de um mês de Governador Civil de Aveiro, respondia a pergunta minha, em carta escrita a castanho: “Mudaram as moscas!!!...”.
Ainda há dias nos rimos com esta forma, semântica (digo eu), de me explicar “como é que vai isso?!” - era essa a minha pergunta e o "isso" era o Portugal que mudava.
As projecções cinematográficas continuavam na ZA dos Cavaleiros do Norte e treinava-se (quem queria, não era o meu caso) para a prova de S. Silvestre do Quitexe.
O Leal, atirador do PELREC, dava-nos conta que tinha sido pai pela segunda vez. Uppppsss!!!, segunda vez!!! Deixara a mulher nesses preparos e juntara-lhe ela uma rapariga a outra. Isso lhe dissera o “bate-estradas” chegado do Pombal, embrulhando palavras de felicidade da jovem mãe. Teria 19 para 20 anos, ou menos, era mais nova que o garboso Cavaleiro do Norte - que já fizera 22!
O Leal viria a ter mais um filho e juntou a família, já com genros e netos, no encontro dos Cavaleiros do Norte, em 1996 - lá no Barracão, bem pertinho do seu Pombal natal. Infelizmente, e de forma súbita, faleceu a 18 de Junho de 2007.
A vida é assim!
Por Angola, terminou a greve dos Caminhos de Ferro de Benguela, que já ia em 6 dias. Tal foi depois de uma reunião de 7 horas, que envolveu o Governador Sócrates Saskalos, dirigentes sindicais e dos três movimentos - o MPLA, a FNLA e a UNITA -, um representante da Secretaria de Estado do Trabalho, dirigentes da Intersindical do Lobito e o major Baptista, do Movimento das Forças Armadas.
O pessoal em greve, assim que teve conhecimento do acordo, “retomou imediatamente o trabalho”. Boa parte, os de salários mais baixos, com um aumento de 500$00 mensais (2,5 euros) e mais 50$00 (0,25 euros) de abono de família. Eram esses os tempos e os números de há 40 anos!
- Bate-estradas. Um das formas de
identificar os aerogramas.
Sem comentários:
Enviar um comentário