CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

2 978 - Quitexe, aos 23 dias do mês de Dezembro de 1974!

Rocha, Fonseca, Viegas, Belo e Ribeiro (de frente). De costas,  Monteiro, Cândido 
Pires, Machado e Dias, furriéios Cavaleiros do Norte no Natal de 1974, refeitório do
Quitexe. Holden Roberto, presidente da FNLA, em baixo



Aos 23 dias de Dezembro de 1974, ordem de serviço escarrapachada na fachada da secretaria da CCS. Sargento de dia: furriel miliciano Viegas. Já aqui expliquei que a escala era muito previsível, a esse tempo e para estes dias mais especiais, pelo que nem estranhei. Repare-se que, de todos os furriéis milicianos da imagem, sou o único de farda de serviço, o camuflado, na consoada de Natal. Bom, adiante!
O dia 23 de Dezembro era de segunda-feira, não havia correio de Portugal todas as segundas-feiras, mas havia correio a escrever, para o «puto». «Por aqui, não há os frios das meias de lã, nem a neve a esfiapar-se nos caminhos, ou entre as ervas e os nabais, e  falta-me o repenique dos sinos e o pão de ló do forno da minha mãe. Adivinho que amanhã à noite, enquanto o ti Gil e a ganapada estiverem a fazer o presépio da Igreja, mesmo ao lado, na cozinha lá de casa, deve ser um corropio, a bater os ovos e a farinha, a aquecer o forno e a levar-lhe as formas besuntadas com a massa levedada. Apetecia-me um bocado de broa  molhada no azeite do fundo do prato dos grelos com bacalhau e rapar o fundo da forma do pão de ló», escrevia eu, a minha prima Sameiro, ao tempo nos seus primeiros tempos do magistério primário.
Ao reler este correio - que ela mais tarde me de(volve)u e aqui guardo -, acreditem que se me rasgou um sorriso nostálgico, enroupado de saudade!
A esse dia 23 de Dezembro de 1974, mas em Kinshasa, no Zaire, consumava-se a reunião entre a delegação portuguesa e Holden Roberto, o presidente da FNLA, no âmbito, referia o Diário de Lisboa desse dia, das «diligências em curso para a próxima convocação, em Luanda, de uma conferência que reunirá os dirigentes portugueses e os chefes dos movimentos de libertação».
Sonhos de um tempo de franca alegria e (in)fundadas expectativas!


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