CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 4 de abril de 2016

3 356 - Almeida e Brito no BCAV. 8423 e Luanda com... calma!

O comandante Almeida e Brito, o segundo do lado esquerdo, ladeado pelo 
furriel miliciano Armindo Reino, pelo soldado Armando Silva e pelo capitão 
José Paulo Falcão (oficial de operações). De costas, está o capitão António 
Martins de Oliveira, comandante da CCS. Festa de Natal de 1974!!!

O edifício da Zona Militar Norte (ZMN) e do 
Comando do Sector do Uíge (CSU) em Carmona

O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito reassumiu o comando do Batalhão de Cavalaria 8423 a 4 de Abril de 1975, depois de interinamente (e desde 24 de Março) comandar a Zona Militar Norte (ZMN), instalada em Carmona. Nesse mesmo dia de há 41 anos, o capitão José Diogo Themudo deixou o comando interino dos Cavaleiros do Norte, reassumindo as funções de 2º. comandante.
A cidade e o Uíge, com uma ou outras escaramuças entre a FNLA (predominante na zona) e o MPLA, iam mais ou menos tranquilas. O que mais se temia era que os incidentes de Luanda (e de outras cidades e Salazar era a mais próxima) pudessem «ressacar» pelas bandas dos Cavaleiros do Norte - que, às ordens de Almeida e Brito, continuavam a sua espinhosa e difícil missão de garantir a segurança. Sabe Deus o que custou, algumas vezes!
A notícia do Diário de Lisboa de 4 de Abril de 1
975, sobre a situação em Luanda: «Vida normal»,
titulava o jornal da capital portuguesa
Luanda, por onde cirandavam o Cruz e eu (em férias), Luanda cicatrizava feridas dos incidentes entre MPLA e FNLA e reportava o Diário de Lisboa que «não se registaram trocas de tiros nas últimas 24 horas» e que, assim, «a vida regressa à normalidade, depois de 15 dias de violentos incidentes entre as forças da FNLA e do MPLA» . Calma que era confirmada pelo MPLA, porém temendo «o agravamento da situação neste fim de semana». 
O dia 4 de Abril de 1975 era uma sexta-feira e para a terça-fera seguinte (dia 8) estava prevista uma cimeira entre os presidentes da Tanzânia (Julius Nyerere), da Zâmbia (Keneth Kaunda) e do Zaire (Mobutu Sese Zeko, cunhado de Holden Roberto) justamente para discutir a situação de Angola.
Agostinho Neto, na Holanda, disse «ser quase certo o apoio do Governo holandês ao MPLA». O Governo holandês já canalizava o seu apoio social a Angola, até à independência, através do MPLA e o próprio Agostinho Neto afirmou que «os fundos holandeses serão integrados no fundo social do MPLA, para construção de escolas, hospitais, centros comunitários». E que o Governo de Transição aprovara essa decisão. O GT, recordemos, era formado por dirigentes do MPLA, da FNLA e da UNITA e portugueses.
A entrada da Fazenda Zalala, onde esteve
a 1ª. CCAV. 8423, dos Cavaleiros do
Norte: «A mais rude escola de guerra»
A mesma terça-feira era também o dia previsto para a realização de uma reunião dos Estados Maiores dos três movimentos, com o objectivo de «prevenir nos incidentes e combater as provocações que os desencadeiam», apresentados pelo MPLA e pelo Alto-Comissário Silva Cardoso.
De memória, recordo que terá sido na noite deste 4 de Abril de 1975 que, no Bairro da Cuca, me encontrei com o conterrâneo Custódio Ferreira (sapador no Grafanil), em casa de José Martinho - um PSP casado com a conterrânea Emília e que, em 1961, integrava a primeira companhia portuguesa que chegou a Zalala!  Ainda hoje, quando no dia-a-dia nos cruzamos, soltamos o viva «Zalala, sempre!!!...», evocando a nossa passagem pela mítica «mais rude escola de guerra».

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