CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 3 de maio de 2016

3 385 - Instrução operacional do BCAV. 8423 em Santa Margarida

Santa Isabel, onde esteve aquartelada a 3ª. CCAV. 8423, de 11 de Junho 
a 10 de Dezembro de 1974. Os Cavaleiros do Norte foram a última guarnição 
militar portuguesa que esteve na mítica fazenda do norte de Angola


Cavaleiros do Norte de Santa Isabel: os furriéis
milicianos Agostinho Belo, Ângelo Rabiço, José Querido,
Victor Mateus Guedes (falecido a 16/04/1998, em Lisboa
 e de doença) e António Fernandes

A 3 de Maio de 1974 - há precisamente 42 anos!!!... - o Batalhão de Cavalaria 8423 iniciou em Santa Margarida «os exercícios de instrução operacional», que decorreram até ao dia 10, na Mata do Soares.
A decisão foi na véspera (2 de Maio) e a actividade realizou-se «já com a autonomia das diversas companhias», como se lê no Livro da Unidade, com o objectivo de «pô-las a viver à semelhança, embora ténue, daquilo que iria ser  a sua vida no ultramar».
A memória faz lembrar que o futuro PELREC, comandado pelo então aspirante a oficial miliciano António Manuel Garcia, agiu como «inimigo» das três companhias operacionais. Patrulhávamos a zona e fazíamos «emboscadas» aos pelotões da 1ª. CCAV. 8423 (a que viria a aquartelar-se em Zalala), a 2ª. CCAV. 8423 (em Aldeia Viçosa) e a 3ª. CCAV. 8423 (a da Fazenda Santa Isabel) - comandadas, respectivamente, pelos então tenentes milicianos (futuros capitães) Davide Castro Dias, José Manuel Cruz e José Paulo Fernandes. 
O alferes Lains dos Santos e os furriéis
Queirós e Rodrigues, da 1ª. CCAV. 8423 (a
de Zalala)  na instrução operacional
de há 42 anos, em Santa Margarida
Portugal, por esse tempo, vivia a euforia do 25 de Abril. Era sexta-feira e a imprensa ainda focava a festa do 1º. de Maio da antevéspera. De Angola - para onde iríamos partir, não sabendo ainda a data - sabia-se que, relatava o Diário de Lisboa desse dia 3 de Maio, «encontra-se em processamento a libertação de todos os presos políticos do Estado», embora se ignorasse, ainda, «qual o critério que presidirá a esse processamento» e se soubesse já, também,  que «começaram a ser libertadas algumas pessoas». 
Agostinho Neto, falando em Bruxelas, afirmou que «o povo angolano quer o direito à independência completa e imediata» e que «a luta mão cessará enquanto os povos angolanos não tiverem direito à auto-determinação», assegurando que o MPLA «não tem  intenção nenhuma de expulsar os portugueses depois da independência». Sobre os acontecimentos de Lisboa (o 25 de Abril), garantiu que  «foi dado um grande passo e estamos prontos a negociar em qualquer momento» - afastando, porem, a ideia de uma Federação, sugerida por António Spínola. no livro «Portugal e o Futuro», porque, sublinhou, segundo o Diário de Lisboa, seria «uma federação que deixaria os cargos ministeriais importantes nas mãos dos Portugueses».
Ordem de Serviço nº. 66 do RC4, de 20 de Março de 1974,
com a relação dos militares da 3ª. CCAV. 8423 que entraram
de licença de 10 dias - os 10 dias antes da partida para o
ultramar. Não foi o caso dos Cavaleiros do Norte.
Clicar na imagem, para a ampliar 
Hoje, editamos o fac-simile da Ordem de Serviço 66, de 20 de Março de 1974 e do Regimento de Cavalaria 4 (RC4), a unidade mobilizadora dos Cavaleiros do Norte, o rol de mobilizados da 3ª. CCAV. 8423, nomeadamente o tenente miliciano José Paulo Fernandes, os futuros alferes milicianos Augusto Rodrigues, Mário Simões, Carlos Silva e Pedrosa de Oliveira, o 1º. sargento Francisco Marchã e os futuros furriéis milicianos Delmiro Ribeiro, António Flora, Alcides Ricardo, António Fernandes, José Fernando Carvalho, José Lino, Graciano Silva, António Luís Gordo, Grenha Lopes, Agostinho Belo, Luís Capitão (falecido a 05/01/2010, de doença e em VN Ourém), José Avelino Querido, João Augusto Cardoso, Armindo Reino e Victor Mateus Guedes (falecido a 16/04/1998, em Lisboa e de doença) e dos praças (1ºs. cabos e soldados). 
A 18 de Março de 1974, «entraram de licença nos termos do artigo 75º.- das NNAPU», por 10 dias. Como aqui já dissemos, os conhecidos 10 dias antes da partida para o ultramar (que não foram, afinal, os do BCAV. 8423).

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