CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 1 de junho de 2016

3 414 - O dia 1 de Junho de 1975 e os Cavaleiros do Norte

Os incidentes de Carmona «rebentaram» na madrugada de 1 de Junho de 
1975. Há 41 anos! A imagem é desse conflito, no qual morreu muita gente, 
muitas pessoas ficaram feridas e milhares pediram  protecção aos Cavaleiros do Norte


Rajadas de metralhadora «sobrevoaram» a Berliet que
transportavas os furriéis milicianos da messe do
Bairro Montanha Pinto. Foi quando passavam perto
do liceu, a caminho do BC12, na madrugada
de 1 de Junho de 1975, um domingo!
A 1 de Junho de 1974, a 1ª. CCAV. 8423 desembarcou no aeroporto de Luanda e, daqui, seguiu Cara o Grafanil - onde já «estagiava» a CCS. Um ano depois, precisamente..., há 41!!! - Carmona acordou ao som da metralha, do rebentamento de granadas, de obuses e morteiros, com rajadas a cortar corpos e a morte a enlutar a cidade: estavam despoletados os graves e trágicos incidentes entre FNLA e MPLA.
Notícia do Diário de Lisboa de 2 de Junho
de 1975 sobre os combates em Carmona,
na véspera, um domingo
!
O dia era de domingo e fomos acordados na messe de sargentos, com ordem de partir imediatamente para o BC12, para onde seguimos numa Berliet militar, «sobrevoada» por rajadas de metralhadora quando passávamos na zona do liceu - felizmente sem nos atingir. Seguiram-se horas e horas, por 5 ou 6 dias consecutivos, sem parar, noite e dia, a acudir feridos e gente que nos pedia protecção - furando e arriscando nas barreiras armadas criadas pelos dois movimentos armados.
«Mais uma vez as NT procuraram minimizar o conflito, procurando o seu términus rápido e diligenciando por limitar os seus efeitos», lê-se no Livro da Unidade, acrescentando que «contudo, como rescaldo, ainda mais ficou vincada a hegemonia da FNLA, pois que tudo o se possa considerar combatente ou simpatizante do MPLA foi expulsos do distrito, nos melhores casos, porquanto noutros há a citar algumas dezenas de mortos».
O dia foi imensamente dramático e trágico. Dia de terrores e medos, semeados na cidade, onde sucessivas patrulhas da tropa portuguesa acolhiam centenas e centenas civis que pediam protecção e recolhiam mortos e feridos - estes levando-os para o hospital. Civis no BC12, terão passado dos 2000! 
Forças Militares Mistas na parada do BC12,
em Carmona. Incluíam combatentes dos 3
movimentos, com participação e comando português
O Livro da Unidade dá conta de que «pediram as populações sua protecção das NT, a qual lhes foi dada, entrando no quartel um milhar de refugiados», número que foi aumentando conforme se acrescentavam dias ao conflito.
O Diário de Lisboa do dia seguinte (2 de Junho de 1975) noticiava que «graves incidentes estalaram ontem em Carmona, entre tropas do MPLA e da FNLA», mas sem muitos pormenores. Apenas um que me parece errado, referindo «a intervenção, até agora sem êxito, de uma equipa militar mista, composta por forças integradas, dos três movimentos de libertação» - uma equipa das Forças Militares Mistas (FMM) que, ao tempo, se preparavam (com formadores militares portugueses -eu fui um deles) para integrar o (então futuro) Exército Nacional Angolano.
Nenhuma memória há, entre os Cavaleiros do Norte, da intervenção dos elementos das FMM. A segurança, toda a possível e mais que a possível, foi exclusivamente feita pelas NT, nem se compreenderia como agiriam os combatentes dos movimentos actuando lado a lado (em FMM) combatendo os seus inimigos. Eles eram inimigos entre si.

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