O primeiro serviço de sargento-dia, no CIOE - Centro de Instrução de Operações Especiais (os Rangers) na cidade de Lamego |
Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 |
Era Abril de 1973 e, verdinho de anos e com a irreverência de quem tem sonhos, lá me fiz a caminho da tropa.
Ao tempo de há 49 anos, no bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de familiares e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que, na minha adolescência (e sabendo que o meu futuro seria a guerra!), me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: «Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!».
Assim julgo ter feito. E pela vida fora!
Hoje, 49 anos depois, direi, e direi com total convicção, que ganhei muito por ter ido à tropa. Que, entre virtudes e defeitos, boas e más memórias, dramas, tragédias e glórias, me «fiz melhor». Melhor, principalmente, porque ganhei a solidariedade dos muitos companheiros que, de 23 de Abril de 1973 a 8 de Setembro de 1975, foram gente do meu dia-a-dia, dividindo-se e/ou multiplicando-se comigo. E pela vida fora, até hoje!
Não tivesse ido e, seguramente, ainda hoje me sentiria um cidadão menor! Ainda hoje, melhores dos meus amigos, são amigos da tropa. De Portugal e de Angola!
- FOTO. Tirada em Lamego, no CIOE, em Setembro ou
Outubro de 1973, meses depois de ter assentado praça.
Estava de serviço, de sargento de dia, com a
famosa pistola Walter em pose de tiro.
Um ano depois, menos um dia, na segunda-feira de 22 de Abril de 1974 e já no RC4, a formatura das 8 horas da manhã já incluiu a maior parte dos jovens que, mobilizados desde o princípio do ano (a maior parte) e outros já desde 1973 (Dezembro), integravam o Batalhão de Cavalaria 8423.
Já se sabia o lema: «Perguntai ao Inimigo Que Somos».
E já se tinham gozado os dez dias da licença de normas - a período que antecipava a partida para os teatros de guerra. O BCAV. 8423, porém, por causa da Revolta das Caldas, teve dez dias que se fizeram por mais de um mês e foi nos quartos que os 1ºs. cabos milicianos que «dormiram» alguns dos oficiais de intentona.
Assim nos disseram.
O tema das conversas, todas mais ou menos camufladas, tinha, evidentemente, a ver com o golpe das Caldas (a 16 de Março), que nós não entendíamos muito bem. Chegámos já depois do almoço, feito em Abrantes - o Neto era sempre adepto de chegar o mais tarde possível, ao meu contrário, que era amante de chegar sempre cedo - e lá ficámos a saber, já em Santa Margarida, que éramos os primeiros milicianos e que, entrando de serviço na manhã de domingo, iríamos passar a noite de domingo para segunda-feira a receber o pessoal que chegaria. Assim foi! E a satisfazer a maior curiosidade de todos: a partida da CCS para Angola seria a 27 de Maio. E iríamos fazer o IAO a partir de 3 de Maio!
A preparar-me para a guerra! Estigma com que vivemos a nossa a nissa infância e adolescência
O dia tinha uma marca muito particular e íntima: faziam-se precisamente oito meses de luto pela morte de meu pai e a minha partida gerou alguns constrangimentos familiares, pessoais e afectivos.
Não havia, porém, muito como escapar e eu não também quis beneficiar de qualquer eventual apoio que, em qualquer grau, m´evitasse ir à tropa. Teimoso e orgulhoso, lá me pus eu, faz hoje 49 anos, em traje de ir para a guerra - com o bornal cheio de recomendações de minha mãe, que em casa ficou viúva e sozinha!
Todos destes anos depois, posso garantir que nunca me arrependi, nem nos duros tempos de Lamego (nas Operações Especiais que me fizeram Ranger), muito menos na recruta da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Ou sequer nos tempos de Santa Margarida - onde se fez nascer e crescer a família dos Cavaleiros do Norte.
Não havia, porém, muito como escapar e eu não também quis beneficiar de qualquer eventual apoio que, em qualquer grau, m´evitasse ir à tropa. Teimoso e orgulhoso, lá me pus eu, faz hoje 49 anos, em traje de ir para a guerra - com o bornal cheio de recomendações de minha mãe, que em casa ficou viúva e sozinha!
Todos destes anos depois, posso garantir que nunca me arrependi, nem nos duros tempos de Lamego (nas Operações Especiais que me fizeram Ranger), muito menos na recruta da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Ou sequer nos tempos de Santa Margarida - onde se fez nascer e crescer a família dos Cavaleiros do Norte.
No bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de familiares e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que, na minha adolescência (e sabendo que o meu futuro seria a guerra!), me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: «Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!».
Assim julgo ter feito. E pela vida fora!
Assim julgo ter feito. E pela vida fora!
faz... melhores !
Ao tempo de há 49 anos, no bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de familiares e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que, na minha adolescência (e sabendo que o meu futuro seria a guerra!), me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: «Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!».
Assim julgo ter feito. E pela vida fora!
Hoje, 49 anos depois, direi, e direi com total convicção, que ganhei muito por ter ido à tropa. Que, entre virtudes e defeitos, boas e más memórias, dramas, tragédias e glórias, me «fiz melhor». Melhor, principalmente, porque ganhei a solidariedade dos muitos companheiros que, de 23 de Abril de 1973 a 8 de Setembro de 1975, foram gente do meu dia-a-dia, dividindo-se e/ou multiplicando-se comigo. E pela vida fora, até hoje!
Não tivesse ido e, seguramente, ainda hoje me sentiria um cidadão menor! Ainda hoje, melhores dos meus amigos, são amigos da tropa. De Portugal e de Angola!
- FOTO. Tirada em Lamego, no CIOE, em Setembro ou
Outubro de 1973, meses depois de ter assentado praça.
Estava de serviço, de sargento de dia, com a
famosa pistola Walter em pose de tiro.
para partir para Angola!
Um ano depois, menos um dia, na segunda-feira de 22 de Abril de 1974 e já no RC4, a formatura das 8 horas da manhã já incluiu a maior parte dos jovens que, mobilizados desde o princípio do ano (a maior parte) e outros já desde 1973 (Dezembro), integravam o Batalhão de Cavalaria 8423.
Já se sabia o lema: «Perguntai ao Inimigo Que Somos».
E já se tinham gozado os dez dias da licença de normas - a período que antecipava a partida para os teatros de guerra. O BCAV. 8423, porém, por causa da Revolta das Caldas, teve dez dias que se fizeram por mais de um mês e foi nos quartos que os 1ºs. cabos milicianos que «dormiram» alguns dos oficiais de intentona.
Assim nos disseram.
O tema das conversas, todas mais ou menos camufladas, tinha, evidentemente, a ver com o golpe das Caldas (a 16 de Março), que nós não entendíamos muito bem. Chegámos já depois do almoço, feito em Abrantes - o Neto era sempre adepto de chegar o mais tarde possível, ao meu contrário, que era amante de chegar sempre cedo - e lá ficámos a saber, já em Santa Margarida, que éramos os primeiros milicianos e que, entrando de serviço na manhã de domingo, iríamos passar a noite de domingo para segunda-feira a receber o pessoal que chegaria. Assim foi! E a satisfazer a maior curiosidade de todos: a partida da CCS para Angola seria a 27 de Maio. E iríamos fazer o IAO a partir de 3 de Maio!
Costa, o Alfama das TRMS
de Zalala, faleceu há 7 anos !|
Especialista de transmissões e Cavaleiro do Norte da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala - e depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e cidade de Carmona -, Caros Alberto dos Santos regressou a Portugal no da 9 de Setembro de 1975, a Santos-o-Velho, freguesia da cidade de Lisboa, onde residia - na avenida 24 de Julho.
A informação do furriel miliciano João Dias permite-nos saber que morava em Azeitão, no município de Setúbal, quando faleceu há 7 anos, ainda não tinha 63 - que faria a 29 de Agosto desse mesmo ano de 2015.
Hoje o recordamos com saudade. RIP!
Hoje o recordamos com saudade. RIP!
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