Jorge Custódio Grácio, o Spínola, vencedor da S. Silvestre do Quitexe, em 1974/75. Faleceu, vítima de acidente em Carmona, a 2 de Julho de 1975 |
O «rancho» foi melhorado e a malta fora das escalas de serviço procurou os melhores programas possíveis, dentro dos condicionalismos que se viviam numa guarnição militar.
O mês de Dezembro, no âmbito das actividades de acção psicológica, envolvera «além das festas de Natal», a projecção de filmes em todas as Companhias e também para a população civil (entre os dias 4 e 18) e «a realização de jogos de futebol entre as subunidades».
O dia 31 de Dezembro de 1974, lá pelo norte de Angola, o foi de uma noite intensamente chuvosa, mas não suficientemente forte para atemorizar os atletas-militares que se prepararam para «a tradicional corrida de S. Silvestre no Quitexe» - corrida que, como sublinha o Livro da Unidade, procurava «marcar a passagem do ano de 1974/75 em convívio fraterno e de paz, tal como as famílias do Quitexe fizeram, tendo no seu seio as famílias de militares, aqui presentes», por impossibilidade de juntar todo o BCAV.».
A prova viria a ser ganha, e com todo o mérito, por Jorge Custódio Grácio, soldado atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, e por lá (e depois pelo Quitexe) imortalizado como Spínola. Não sem uma «partida» do Alfredo Coelho, o Buraquinho, 1º. cabo analista de águas, que fez um «corrida falsa», como adiante se verá, mas facilmente denunciada e levada «à conta» de uma brincadeira - que foi, de resto.
O Jorge Grácio (Spínola), tragicamente, viria a ser vítima mortal de um acidente de viação, na rotunda da cidade de Carmona - na qual embateu, sozinho, quando se transportava de motorizada.
Faleceu a 2 de Julho de 1975 e o seu corpo veio para Portugal no avião que transportou a 3ª. CCAV. 8423, a 11 de Setembro do mesmo ano. Está sepultado no cemitério da sua terra natal, no Casal das Raposas, em Vieira de Leiria. Hoje, o recordamos com saudade. RIP!!!
Quitexe: Estrada do Café e Bar do Rocha. Por aqui passou a Corrida de S. Silvestre de 1974 para 1975 |
A (não) S. Silvestre
do Alfredo Buraquinho
A corrida da S. Silvestre teve partida à meia-noite, na estrada para Carmona, no ponto onde se cortava para a picada de Zalala. Seguiu para o Quitexe, pela Estrada do Café, dava-se a volta na transversal do Bar do Rocha (foto), entrava-se na avenida e a meta estava instalada em frente à messe de oficiais.
Resolveu o 1º. cabo Alfredo Coelho (o Buraquinho) fazer das dele. E fazer o quê? Ele mesmo conta: «Como os enfermeiros tinham de acompanhar a corrida, na ambulância, combinei com o enfermeiro Gomes e o maqueiro Moreira (o Penafiel) que quando a corrida começasse, eu isolar-me-ia e entraria na ambulância, sem que fosse detectado. À frente e no mesmo percurso das viaturas militares que iam a fazer escolta e a iluminar a estrada até ao Quitexe».
Assim foi e ninguém deu por nada. As noites de África, como sabemos, são muito cerradas, também não dão para ver muito bem. Ao momento julgado oportuno, o Buraquinho saltou da ambulância e começou a correr. «Íamos a passar próximo da casa do administrador, onde estava este e vários oficiais a verem a corrida, e que, ao verem-me, entusiasmaram-me, gritando «força, Buraquinho, és o primeiro!!!...».
Era, mas não era e... fez-se justiça: «Cometi um erro, ao virar para a avenida, deveria ser na rua do Rocha e eu cortei antes», explicou ele, agora e lembrando que «cheguei à meta em primeiro, até fui vitoriado pelo capitão Oliveira, por eu ser da CCS, como ele, mas quando chegou o segundo classificado, este foi naturalmente o primeiro, o vencedor». Era Fernando Custódio Grácio, mais conhecido por Spínola, da 3ª. CCAV. 8423 mas ao tempo já no Quitexe.
«Denunciou a minha chegada forjada e, pronto, foi declarado vencedor, como tinha de ser», recorda o Alfredo Buraquinho, a sorrir-se desta sua «notável» proeza atlética de há precisamente 42 anos.
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