CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

5 511 - O último dia de Carmona! Centenas de viaturas e o êxodo de milhares de uíjanos!

Militares portugueses com civis, na coluna de Carmona para Luanda, há 46 anos,
no dia 4 de Agosto de 1975: NN, 1º. cabo Manuel Mendes (atirador), 1º. cabo Deus
(operador cripto), soldado António Santos (atirador) e furriel  miliciano António
Artur Guedes (atirador de Cavalaria). Alguém sabe identificar os civis?

O BC 12, fachada principal vista do lado de
Carmona e de onde o BCAV. 8423 saiu há
precisamente 46 anos - no dia 04/08/1975


O dia 4 de Agosto de 1975, há 46 anos, foi o último da presença militar portuguesa em terras do Uíge: de lá rodaram a 2ª. CCAV. 8423 e a 3ª. CCAV. 8423. Para Luanda.
A epopeica coluna saiu com reforço de uma Companhia de Comandos (desde o BC12) e outra de Paraquedistas (a partir do Negage) e, das vésperas, já se conhecia o desejo de êxodo dos civis.
«Começou a sentir-se que iriam acompanhar a nossa coluna centenas de viaturas, com alguns milhares de desalojados, que procuravam o refúgio protector das NT», sublinha o livro «História da Unidade», salientando que, por isso mesmo, «aumentaram as dificuldades e aumentaram as responsabilidades».
A posição dos Cavaleiros do Norte era, desde a primeira hora, a de defender as populações, a que preço fosse. Já o mesmo acontecera na dramática e sangrenta primeira semana de Junho e assim continuou. Até ao último instante!
«Há que entregar toda esta molde de gente são e salva em Luanda, há que contrariar os intentos da FNLA em reter essas populações, os seus bens e se calhar as suas vidas, há que salvaguardá-la do saque do poder popular», escreveu, na altura, o comandante Almeida e Brito.
A coluna partir de Carmona às 5 horas da manhã de 4 de Agosto de 1975, mas «pode dizer-se», refere o livro «HdU», que «a partir das 2 horas tudo se pôs a postos para que o horário fosse cumprido».
Efectivamente, às 5 horas da manhã, «toda a máquina se moveu». A coluna abriu com a Companhia de Comandos, seguindo-se as duas dos Cavaleiros do Norte. «Juntaram-se cerca de 700 viaturas, com alguns milhares de desalojados», anota o livro «História da Unidade».
A FNLA em Carmona

FNLA quis bloquear
os civis da coluna

As primeiras dificuldades surgiram ainda na cidade capital do Uíge, quando «a incompreensão dos civis gerou o primeiro problema com a FNLA, que, bloqueando-os, não os quis deixar sair».
Viveram-se momentos muito tensos, com permanentes e agressivas ameaças dos combatentes do movimento de Holden Roberto, mas tudo se resolveu pelas 5,15 horas, quando finalmente arrancou a coluna para o Negage - pessoalmente comandado pelo tenente-coronel Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423. 
Este episódio, porém, foi apenas o primeiro de vários da epopeica coluna de Carmona para Luanda (pelo Dondo), pois «esta resolução iria dar azo ao segundo e mais grave incidente, pois todos os que fugiram para o Negage, foram impedidos de partir»
O problema, reporta o «HdU», «iria atrasar em cerca de 8 horas a marcha da coluna».
Posta a coluna em marcha, em Carmona, «passou o controlo da FNLA no Candombe» e por volta das 7,30 horas, o nevoeiro serrado provocou um acidente e o abandono de duas viaturas médias. Depois, e já no Negage, também uma viatura pesada.
No Negage, incorporaram-se as viaturas do Aeródromo Base 3 e as Companhias de Caçadores ali estacionadas. A coluna fechava com a Companhia de Paraquedistas.

Daniel Chipenda

Chipenda no Negage
para passarem civis

O Negage «estava pejado de viaturas em toda a cidade», mas «a FNLA em peso quis impedir a sua saída, exceptuando as privadas da coluna militar»
E não era o caso das viaturas dos civis. Que as NT de modo algum iriam abandonar.
As negociações «foram improfícuas, tentadas plataformas várias, batendo-se sempre em falso». Refere o livro «História da Unidade» que «começou a odisseia dos civis, sentindo-se abandonados e entregues à sorte do querer da FNLA, convencidos que as NT os abandonariam», mas «assim não aconteceu».
«Após uma reunião com Daniel Chipenda, obteve-se a permissão para o trânsito da quase totalidade dos civis», sublinha o livro «HdU», sem especificar razões para os que ficaram.

José A. Monteiro,
furriel da CCS
Furriel Monteiro, 69
anos em Paredes !

O furriel miliciano Monteiro festeja 69 anos a 4 de Agosto de 2021, certamente a lembrar-se dos 23 de 1975, ao tempo e desde a véspera aquartelado no Campo Militar do Grafanil. Ou, melhor dizendo, na Casa de Viana - que partilhou com o Neto e o Viegas - os outros furriéis de Operações Especiais (Rangers) da CCS do BCAV. 8423. 
Natural de Penafiel, mudou-se aos 3 anos para Marco de Canaveses (acompanhando a família) e lá regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da nossa jornada africana do Uíge angolano. Fixou-se em Vila Boa de Quires, após o casamento e trabalhou como quadro nos Transportes Colectivos do Porto.
Agora, há muitos anos e já aposentado, vive na cidade de Paredes. Para ele (com quem falámos há momentos, achando-o de boa saúde e melhor disposição) vai o nosso abraço de parabéns!
José M. Cordeiro,
1º. cabo do PELREC

Cordeiro, 1º. cabo PELREC,
69 anos em Porto de Mós !

José Manuel de Jesus Cordeiro foi 1º. cabo atirador de Cavalaria do PELREC da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Natural de Portela do Vale de Espinho, da freguesia de Arrimala, em Porto de Mós, vive lá perto - na aldeia de Bezerra, onde casou e fez família. Trabalhou na área da serração de maneira e exploração de inertes, agora já gozando os prazeres da aposentação. 
Hoje mesmo, dia 4 de Agosto de 2021, faz 69 anos e para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns!

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