CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

3 603 - Mobillização de «Rangers» da CCS para Angola foi há 43 anos!

Neto, Viegas e Monteiro, os três furriéis milicianos da CCS dos Cavaleiros
 do Norte que foram mobilizados para Angola, a 7 de Dezembro de 1973. 
Há precisamente 43 anos!!! Aqui, na imagem, já no Quitexe!

Monteiro, Neto e Viegas, furriéis milicianos «Rangers»
 da CCS, já no RC4, no Campo Militar de Santa Mar-
garida, pouco depois de mobilização para Angola

A mobilização, para Angola, dos futuros furriéis milicianos Monteiro, Viegas e Neto, da Companhia de Comando e Serviços (CCS) do Batalhão de Cavalaria 8423, foi publicada a 7 de Dezembro de 1973 na Ordem de Serviço nº. 286, do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em Lamego. Há exactamente 43 anos!
A Ordem de Serviço nº. 286 do CIOE, de 7 de Dezembro
 de 1973, há 43 anos!, publicou a mobilização dos furriéis
 milicianos Monteiro, Viegas e Neto, três Rangers da
CCS do BCAV. 8423, os  Cavaleiros do Norte
A mobilização propriamente dita vinha de data anterior, embora dela não soubéssemos. Na verdade, já desde a Nota  nº. 47000, Processo 33007, de 17 de Novembro de 1973, da Repartição de Serviço de Pessoal/DSP do Ministério do Exército, se ficou a saber (lá pela Lisboa capital do império) que «foram nomeados para servir no Ultramar, nos termos da alínea c) do artigo 20º. do Decreto-Lei nº. 49107, de 7 de Julho de 1969» um grupo de militares que, ao tempo, prestavam serviço no CIOE. Era o caso dos 1ºs. cabos milicianos e futuros furriéis milicianos da CCS do BCAV. 8423, que estavam adidos à 1ª. Companhia de Instrução, em Penude - o José Augusto Guedes Monteiro, com o nº. 493/73/A - e à Companhia de Caçadores do dito CIOE, em Santa Cruz - o Viegas (eu mesmo, com o nº. 487/73A) e o Francisco Neto (486/73A).
Sabiam eles, na Lisboa imperial, souberam depois os serviços do Centro de Instrução de Operações Especiais (CIOE), em Lamego. Soubemos nós depois, hoje se fazem 43 anos! Os últimos a saber!
«Éramos tão jovens, tão tenrinhos, tão inocentes...», «brincalhou» o Francisco Neto esta manhã, quando lhe lembrei a efeméride e ironizando sobre a nossa actual «sexygenaridade». A brincar, a brincar, quase meio século se passou!

Joaquim Grilo, um dos «Rangers» que
  43 anos soube estar mobilizado para
 Angola. no BCAÇ. 4617, que esteve em
 Dala. É funcionário público na sua
 Nazaré natal e leitor do blogue
 Cavaleiros do Norte

A «sorte» de
ir para Angola

Mobilização para Angola era, pelas realidades e emoções desse tempo, o melhor que (nos) poderia acontecer, em vez dos mais bem mais perigosos cenários de guerra de Moçambique e principalmente da Guiné - a actual Guiné-Bissau. Daí, a razão de prontamente, nesse fim de tarde de uma segunda-feira fria e chuvosa, ter telefonado para a vizinha Celeste, para que desse recado a minha mãe. Para a tranquilizar sobre o meu futuro próximo. Também ela «sonhava» que fosse parar a Angola. Era o mal menor... para uma mãe recentemente viúva.
Angola era também território onde estavam vários familiares e muitos conterrâneos, alguns deles amigos íntimos e com quem acabaria por me encontrar. 
João Matos, um
 dos «Rangers»
mobilizados há 43
 anos. Para o
 BCAÇ. 4519,
em Cabinda
O Neto, o Monteiro e eu (Viegas) não fomos os únicos três mobilizados para Angola, segundo a Ordem de Serviço nº. 286/73 do CIOE e do pessoal que lá prestava serviço. Também os 1ºs. cabos milicianos (e futuros furriéis milicianos Rangers) João  Manuel da Costa Matos, da Póvoa de Santa Iria (para o BCAÇ. 4519, formado no RI 16, em Évora, e que foi para Cabinda) e Joaquim José Sales Grilo, agora funcionário público na Nazaré, de onde é natural (integrado no BCAÇ 4617, também do RI 16, para Dala). 
Outros destinos foram Moçambique, para onde foram o Rui Dinis G. Praxedes, agora empresário de restauração em Setúbal, o Manuel Ferreira e o Américo Lacerda Ferreira (os três no BCAÇ. 4216, do RI2, em Abrantes) e o Fernando M. S. Ribeiro e o João Carlos A. M. Pedro (no BCAÇ. 5016, do BC 10, em Aveiro). Para a Guiné, o Joaquim Ferreira Gonçalves, de Chaves (BCAÇ. 4510, do RI 15, de Tomar) e Fernando M. C. Rodrigues (BCAÇ. 4610, do RI 16, de Évora).

Importante passo
da descolonização

Um ano depois, já com mais de seis meses de comissão no Uíge angolano, os três Cavaleiros do Norte estavam no Quitexe, integrando a CCS e com o Neto a regressar de Portugal - onde veio gozar férias.
O capitão José Paulo Falcão, enquanto comandante interino do BCAV. 8423, participou em mais uma «reunião de comandos» das várias unidades do Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona. Realizavam-se para, e citamos o Livro da Unidade, «estreitamento de contactos, necessários mais que nunca, dada a evolução dos acontecimentos».
Em Carmona e no mesmo dia 7 de Dezembro de 1974, um sábado, realizou-se também uma reunião do MFA, com participação de delegados eleitos pelo BCAV. 8423. 
Melo Antunes partia no dia seguinte para os Açores onde, aparentemente, iria tratar da organização da cimeira dos três movimentos de libertação - o MPLA, a FNLA e a UNITA - para preparar «tão importante passo da descolonização», como referia o Diário de Lisboa.

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