CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 30 de abril de 2017

3 747 - O avião voltou à pista, por causa dos bombardeamentos!

Cavaleiros do Norte do Quitexe, equipa de futebol dos Sapadores. De pé, Iri-
neu (clarim?), Afonso Henriques, NN (impedido do comandante?) Jerónimo
de Sousa e Américo da Silva Oliveira (que hoje faz 65 anos). Em baixo,
Amaral, Calçada, Grácio, NN e Coelho (falecido a 13/05/2007)

PELREC. 1º. cabo Augusto Hipólito (em França), furriel José
 Monteiro (Paredes), 1ºs. cabos Joaquim Almeida (falecido a
28/02/2009, em Penamacor) e Jorge Vicente (de Vila Morei-
ra, falecido a 21/01/1997). Em baixo, alferes António Garcia
(de Carrazeda de Ansiães, falecido a 2/11/1979, de aciden-
te, Manuel Leal (falecido a 18/06/2007,  
no Pombal e de do-
ença), Francisco Neto (Águeda) e Aurélio Júnior (o Barbeiro,
 de Ferreira do Zêzere) 


O dia 30 de Abril de 1975 foi o do regresso dos furriéis Cruz e Viegas a Carmona, depois do adiament da véspera, quando o avião que os levaria de Luanda teve de regressar à pista, pouco depois de levantar voo e por causa dos bombardea-mentos que, após uma meia hora de voo sobre os céu da capital angolana, por onde troavam morteiros, canhões e rajadas de metralhadoras ligeiras e pesadas, dos combates entre movimentos.
O voo não seguiu e, nessa noite de 29 de Abril, fomos «despejados» numa pensão, sem comida - que tivemos de procurar já depois do recolher obrigatório e com todos os perigos que isso representava. 

Custódio P. Gomes
A cada momento, podíamos ser alvejados. Ou presos. Agredidos sem quaisquer explicações. O que «funcionava» era a lei selvagem da noite! A lei das armas, no meio do caos! A do mais forte, a da sobrevivência! Era a luta dos movimentos, apanhando gente inocente no meio da metralha assassina!

Reencontro de forças 
do MPLA e da FNLA

O Diário de Lisboa do dia seguinte (dia 30 de Abril de 1975) noticiava «um reencontro entre forças da FNLA e da UNITAque já vinham de segunda-feira» - dia 28, apesar de a edição do dia 30 referir que «não estão determinadas as forças envolvidas nos recontros», embora fosse certo que «os primeiros incidentes registaram-se entre o MPLA e a FNLA».
«(...) as ambulâncias percorreram as ruas da cidade em direcção aos estabelecimentos hospitalares, desconhecendo-se, no momento, o número de mortos e feridos, não sendo de excluir que ande já pelas dezenas», reportava o Diário de Lisboa.
A manhã desse dia 30 de Abril ainda foi tempo para o Cruz e o Viegas descerem à Mutamba, à procura de almoço e tempo, também, para «alguns incidentes, que ultrapassaram já os limites dos musseques». Houve, aliás, tiroteio nas Avenidas do Brasil (próximo da sede da FNLA) e dos Combatentes - onde ficava a messe de sargentos (portuguesa).
A cidade, de resto, acordara ao som de tiroteios, de variadas origens e com armas de diversos calibres. «Pode dizer-se que ninguém dormiu», reportava o Diário de Lisboa desse 30 de Abril de há 42 anos
Bem o sabiam, o Cruz e eu (Viegas), mas lá fomos para o aeroporto, onde nos reencontraram o dr. Custódio Pereira Gomes - professor e advogado em Carmona, ao tempo já viúvo de minha conterrânea Maria Augusta Tavares, que em Carmona fora professora. Na véspera, indo no mesmo avião, também voltou a terra e por essa altura nos identificámos, quando, em período de recolher obrigatório nos vimos obrigados a «furá-lo», para procurarmos comida.

Américo Oliveira
Os 65 anos do sapador
Américo Oliveira

O soldado Américo da Silva Oliveira, da CCS dos Cavaleiros do Norte, fez 65 anos a 30 de Abril de 2017.
Militar do Pleotão de Sapadores comandado pelo alferes Jaime Ribero, era natural do Alto do Vilar, em Valongo, e lá regressou a 8 de Setembro de 1975. Para ele vai o nosso abraço de parabéns!




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