CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 5 de agosto de 2018

4 218 - BCAV. 8423: «Entregar esta mole de gente sã e salva em Luanda!»?

Cavaleiros do Norte na coluna de Carmona para Luanda. À esquerda e sentados,
soldado Santos e furriel Guedes (da 2ª. CCAV.), 1º. cabo Deus, de pé (de boina e
 da 3ª. CCAV.), NN (à frente de Deus) e, à direita, o 1º. cabo Mendes (2ª. CCAV.)
 e um militar da 3ª. CCAV. 8423. Quem será?

Uma das muitas paragens da coluna militar da evacuação
de Carmona para Luanda, em 58,45 horas dos dias
4 a 6 e Agosto de 1975. Há 43 anos! 

O segundo dia da coluna militar de Car-mona para Luanda começou cedo, às 7,30 horas da manhã, em Camabatela e «com 700 viaturas, com alguns milhares de desalojados», como sublinha o livro «História da Unidade».
«Há que entregar toda esta mole de gen-
te sã e salva em Luanda, há que contra-
riar os intentos da FNLA em reter essas populações, os seus bens e a sua  
Morais do Quitexe.
A esposa e filhas
foram no carro do
Comandante 
vida, há que salvaguardá-las do saque do poder popular», anota o HdU, referindo-se às horas da partida de Carmona.
A coluna foi organizada com «a Companhia de Comandos a abrir o itinerário, seguida da 2ª. CCAV. 8423 e da 3ª. CCAV. 8423, fechado com a Companhia de Páras que estava no Negage, incorporando as viaturas do Aeródromo Base nº. 3 e das Companhias de Caçadores ali estacionadas».
Aqui, no Negage e como ontem já aqui referimos, «inúmeros civis se associaram à coluna». De Carmona e no carro do comandante, iam a esposa e as duas filhas do comerciante Morais, do Quitexe, conterrâneas do autor deste blogue.
«A viagem decorreu mais ou menos bem, do que me lembro. Viajámos no carro pessoal do comandante Almeida e Brito», disse-nos, agora, a São Morais, dando também notícias da família.
O pai faleceu a 18 de Agosto de 1985, no pós-operatório de uma intervenção ao coração, de que ficou em coma; a mãe, viúva, passa menos bem de saúde e está acamada; a irmã Lurdes é enfermeira o Hospital Garcia da Horta, em Almada; ela, é empresária do sector da restauração, em Águeda.
Um helicóptero da Força Aérea Portuguesa (FAP), o
 da imagem, foi alvejado por forças do MPLA entre
 Vila Flor e Lucala, a 5 de Agosto de 1975


Hélicóptero alvejado e
viaturas abandonadas


A alvorada de Samba Caju aconteceu ce-do e a partida foi às 5 horas da manhã. «A guerra psicológica travada no Negage fora esgotante para os nervos», mas, su-
blinha(va) o livro HdU, «estavam venci-
das as primeiras grandes dificuldades».
A marcha foi retomada depois de uma noite mal dormida e às 7,30 horas «atingiu-se o controlo de Samba Caju, onde surgiram novas dificuldades, novamente torneadas». De qualquer modo, pararam a marcha por uma longa hora.  
A coluna atingiu Vila Flor por volta das 11,30 horas e «mais viaturas se juntaram à coluna», com civis a socorrerem-se da protecção militar. Seguiram-se vários quilómetros de terra de ninguém. Nem da FNLA, de cujo feudo ia a coluna dos Cavaleiros do Norte, nem do MPLA - em cujo território ia entrar. Por volta das 13 horas, fez-se «nova paragem para juntar todas as viaturas e refazer a coluna».
«Ia-se entrar na terra do MPLA e havia que reconhecer itinerário. Para tal, recorreu-se aos helicópteros estacionados em Salazar e que estavam à nossa espera», reporta o Livro da Unidade.
Um deles foi alvejado durante o reconhecimento aéreo e, por volta das 13,30 horas, «contactou-se o MPLA, via terrestre», logo se retomando a marcha e meia hora depois passsado Lucala - onde se abandonou mais uma viatura. 
Chegou-se a Salazar, actual cidade de N´dalatando, às 16 horas e passaram-se 4 a atravessá-la, porque tiveram de ser reparadas várias viaturas da coluna, uma delas lá ficando abandonada.
A marcha foi retomada, já «incorporando uma Companhia de Paraquedistas que se encontrava de reserva no Comando Territorial de Salazar» e passou-se no Dondo às 23 horas. Por volta da uma hora da madrugada de 6 de Agosto de 1975, fez-se «nova interrupção de marcha» - que viria a retomada às 7 horas e a 174 quilómetros de Luanda.

O Rocha faria hoje
66 anos. Faleceu
em Maio de 2015

Rocha de Aldeia Viçosa faria
67 anos. Faleceu há 3!

António Gomes da Rocha foi 1º. cabo enfermeiro da 2ª- CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, e faria 67 anos 5 de Agosto de 2018. Faleceu a 9 de Maio de 2015, de doença.
Natural do lugar do Ribeiro, freguesia de Melhundos, concelho de Penafiel, lá voltou a 10 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar em Angola. Fez lá a sua vida familiar e profissional, sendo habitual participante dos encontros dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa. 

Residia na Rua António Ferreira Gomes, em Penafiel, e hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

Sem comentários:

Enviar um comentário