As andanças e aranganças do blogue levaram-nos, há dias, por terras do interior beirão, a descobrir o Portugal e enorme e belíssimo que nos é desconhecido. A certa altura, uma placa: Pedrógão! Pedrógão de S. Pedro!
Hein!..., Pedrógão de S. Pedro, a terra do 1º. cabo Almeida, Joaquim Figueiredo de Almeida, que foi bravo Cavaleiro do Norte do PELREC, desta vida levado a 28 de Fevereiro de 2009, vítima de doença mortal.
Procurámos encontrar D. Piedade, a viúva, e não foi difícil, era o Almeida muito querido das gentes pedroguenses e logo os apontaram a casa que construiu para a família, ele e D. Piedade e os dois filhos, um casal. Depois de anos de trabalho pela França dos francos e da emigração sempre difícil e dolorosa.
Foi de França, já em finais de 1973, que o Almeida, dois anos mais velho que a generalidade dos «pelrec´s», foi «apanhado» para o serviço militar e, por isso e assim, viria a ser Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423.
D. Piedade, viúva do 1º. cabo Joaquim Almeida, e o furriel Viegas, ambos do PELREC |
Um bom «pelrec»,
um bom marido!...
D. Piedade recebeu-nos de olhar surpreendido, do cimo da varanda do 1º. andar. «Fui compa-
nheiro do Joaquim em Angola, gostava de cumprimentar a senhora!».
Desceu D. Piedade, que se preparava para ir à missa do final da tarde de sábado, e conversou connosco, muito serenamente, de olhos a brilhar de emoção e evocando o marido que doença cancerosa lhe levou «depois de muito sofrer...». E dele nos disse que «foi um bom marido, sempre muito amigo...», de quem tem «muitas saudades».
Os filhos, levou-os a vida para outras bandas: o rapaz, o Rui, com 40 a alguns anos, que anda por terras de Espanha; a rapariga, a Cristina, mais nova e casada, morando para os lados de Lisboa e que lhe(s) deu uma neta que «vai em já quase ser uma mulher, alta como o avô!!!...».
Joaquim F. Almeida em imagem dos seus últimos anos de vida! |
A campa onde repousa Joaquim F. Almeida |
O Almeida militar e
Cavaleiro do Norte!
O 1º. cabo Almeida integrou o PELREC da CCS dos Cavaleiros do Norte e foi um comba-
tente corajoso, dos que não temiam medos, não recuavam e enfrentavam perigos. «Militar muito disciplinado, correcto e sempre pronto a cumprir quaisquer serviços, mesmo voluntários, que se lhe solicitassem», sublinha louvor proposto pelo capitão António Oliveira, comandante da CCS.
O documento foi publicado na Ordem de Serviço nº. 160 e destaca «o tempo em que serviu como encarregado do refeitório das praças e depois no serviço de padeiro, a que facilmente se adaptou, sendo especial-
mente notório o seu esforço durante os dias em que foi prestado apoio aos refugiados dos incidentes de Carmona, trabalhando da e noite, para apoiar tão elevado número de pessoas».
O Almeida era espadaúdo, garboso mas humilde, e não recuava ante qualquer dificuldades. De barbas longas e negras, assemelhava-se ao presidente da UNITA, daí ser, na gíria do PELREC, o «nosso» Savimbi. Foi também, como en-
fatiza o louvor do comandante do BCAV. 8423, proposto pelo da CCS, «militar cumpridor, consciente das suas responsabilidade, não descurando as suas funções operacionais, onde aplicou todo o mesmo interesse».
Ficámos felizes, de emoção, por poder partilhar com D. Piedade estes tão sentidos momentos de saudade e memória pelo nosso companheiro Almeida, o Savimbi, 1º. cabo atirador de Cavalaria do PELREC e, junto à sua campa, recordámos alguns dos momentos mais sensíveis da nossa comum jornada africana do Uíge angolano. Até um destes dias, amigo Almeida!
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