CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 16 de setembro de 2018

4 242 - O dia de «achar» o já falecido 1º. cabo Almeida do PELREC, o Savimbi!

O PELREC da CCS antes de partir para mais uma operação. De pé, o 1º. cabo  Joaquim Almeida (falecido
a 28/02/2009 e que «achámos» na sua terra de Pedrogão de S. Pedro, em Penamacor), Messejana (f. a
 27/11/2009,  em Lisboa), Neves, 1º. cabo Soares (f. em 2018, em Almada), Florêncio, Botelho (?), Marcos,
1º. cabo Pinto, Caixarias e 1º. cabo Florindo (enfermeiro). Em baixo, 1º. cabo Vicente (f. a 21/&01/1197,
 em Alcanena), furriel Viegas, Francisco, Leal (f. a 18/06/2007,, em Pombal), 1ºs. cabos Oliveira (TRMS) e
Hipólito, Aurélio (Barbeiro), Madaleno e furriel Neto
Grupo de «pelrec´s» na caserna do Quitexe, em Setembro
de 1974, há 44 anos. De pé, 1º. cabo Hipólito, furriel Mon-
teiro (à civil) e 1ºs. cabos Almeida e Vicente (já falecidos).
Em baixo, alferes Garcia e soldado Leal (já falecidos),
furriel Neto e Aurélio (o Barbeiro)  

As andanças e aranganças do blogue levaram-nos, há dias, por terras do interior beirão, a descobrir o Portugal e enorme e belíssimo que nos é desconhecido. A certa altura, uma placa: Pedrógão! Pedrógão de S. Pedro!
Hein!..., Pedrógão de S. Pedro, a terra do 1º. cabo Almeida, Joaquim Figueiredo de Almeida, que foi bravo Cavaleiro do Norte do PELREC, desta vida levado a 28 de Fevereiro de 2009, vítima de doença mortal. 
Procurámos encontrar D. Piedade, a viúva, e não foi difícil, era o Almeida muito querido das gentes pedroguenses e logo os apontaram a casa que construiu para a família, ele e D. Piedade e os dois filhos, um casal. Depois de anos de trabalho pela França dos francos e da emigração sempre difícil e dolorosa.
Foi de França, já em finais de 1973, que o Almeida, dois anos mais velho que a generalidade dos «pelrec´s», foi «apanhado» para o serviço militar e, por isso e assim, viria a ser Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423.
D. Piedade, viúva do 1º. cabo Joaquim Almeida,
e o furriel Viegas, ambos do PELREC 

Um bom «pelrec»,
um bom marido!...

D. Piedade recebeu-nos de olhar surpreendido, do cimo da varanda do 1º. andar. «Fui compa-
nheiro do Joaquim em Angola, gostava de cumprimentar a senhora!».
Desceu D. Piedade, que se preparava para ir à missa do final da tarde de sábado, e conversou connosco, muito serenamente, de olhos a brilhar de emoção e evocando o marido que doença cancerosa lhe levou «depois de muito sofrer...». E dele nos disse que «foi um bom marido, sempre muito amigo...», de quem tem «muitas saudades».
Os filhos, levou-os a vida para outras bandas: o rapaz, o Rui, com  40 a alguns anos, que anda por terras de Espanha; a rapariga, a Cristina, mais nova e casada, morando para os lados de Lisboa e que  lhe(s) deu uma neta que «vai em já quase ser uma mulher, alta como o avô!!!...».
Joaquim F. Almeida
em imagem dos seus
últimos anos de vida!
A campa onde
repousa Joaquim
F. Almeida

O Almeida militar e
Cavaleiro do Norte!

O 1º. cabo Almeida integrou o PELREC da CCS dos Cavaleiros do Norte e foi um comba-
tente corajoso, dos que não temiam medos, não recuavam e enfrentavam perigos. «Militar muito disciplinado, correcto e sempre pronto a cumprir quaisquer serviços, mesmo voluntários, que se lhe solicitassem», sublinha  louvor proposto pelo capitão António Oliveira, comandante da CCS.
O documento foi publicado na Ordem de Serviço nº. 160 e destaca «o tempo em que serviu como encarregado do refeitório das praças e depois no serviço de padeiro, a que facilmente se adaptou, sendo especial-
mente notório o seu esforço durante os dias em que foi prestado apoio aos refugiados dos incidentes de Carmona, trabalhando da e noite, para apoiar tão elevado número de pessoas».
O Almeida era espadaúdo, garboso mas humilde, e não recuava ante qualquer dificuldades. De barbas longas e negras, assemelhava-se ao presidente da UNITA, daí ser, na gíria do PELREC, o «nosso» Savimbi. Foi também, como en-
fatiza o louvor do comandante do BCAV. 8423, proposto pelo da CCS, «militar cumpridor, consciente das suas responsabilidade, não descurando as suas funções operacionais, onde aplicou todo o mesmo interesse».
Ficámos felizes, de emoção, por poder partilhar  com D. Piedade estes tão sentidos momentos de saudade e memória pelo nosso companheiro Almeida, o Savimbi, 1º. cabo atirador de Cavalaria do PELREC e, junto à sua campa, recordámos alguns dos momentos mais sensíveis da nossa comum jornada africana do Uíge angolano. Até um destes dias, amigo Almeida!

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