Homens da FNLA em Aldeia Viçosa, a 26 de Janeiro de 1975 - dia da
abertura da delegação local do movimento/partido de Holden Roberto.
Foto de António Carlos Letras (furriel miliciano)
Furriéis milicianos da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa: Matos, Guedes e Melo (de pé), Letras, Gomes e Cruz |
Capitão José Manuel Cruz |
O domingo de há 46 anos, dia 26 de Janeiro de 1975, foi tempo da abertura de uma delegação da FNLA em Aldeia Viçosa, onde se aquartela a 2ª. CCAV. 8423.
O dia acordou tranquilo, na paz dos deuses, mas com a guarnição comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz atenta ao que desse e viesse. Não fosse o diabo tecê-las.
O movimento de Holden Roberto era «maioritário» no Quitexe, mas em Aldeia Viçosa e Vista Alegre dividia popularidade com o MPLA. «Os movimentos emancipalistas continuam as suas actividades de politização, verificando-se que a área do Quitexe é quase na íntegra da FNLA, enquanto que nas áreas de Aldeia Viçosa e Vista Alegre se verifica uma mesclagem deste movimento com o MPLA, o que tem dado azo a situações de algum atrito entre eles», relata o Livro da Unidade.
«O mais grave - acrescenta o mesmo HdU - terá sido em 26 de Janeiro (...), quando os movimentos pretenderam fazer um comício conjunto, mas no qual não conseguiram entendimento, o que deu origem à intervenção das NT, em situação apaziguadora, que se conseguiu»
Menos pacíficas iam as coisas por Luanda, onde a FNLA, na véspera, a 25 de Janeiro, tomou de assalto a Emissora Oficial de Angola (EOA), a pretexto de não ter sido lido um comunicado, com «graves acusações ao Governo Provisório e à Junta Governativa de Angola».
A ordem de não leitura tinha sido do comandante Correia Jesuíno, o Secretário de Estado da Comunicação Social. e não foi bem aceite pelos dirigentes do movimento/partido de Holden Roberto.
A força armada da FNLA era pessoalmente comandada por Hendrik Vaal Neto, destruiu parte das instalações e agrediu o locutor de serviço. Por outro lado, António Cardoso, sub-chefe de redação da EOA e militante do MPLA, foi raptado na sua residência, de madrugada, e era acusado de «não ser mais que um nó de uma vasta rede anti-FNLA, à qual pertence, como ele próprio declara» - justificava o movimento de Holden Roberto.
A situação provocou fortes reações (nomeadamente do MPLA) e o ambiente na capital era «tenso, mas a libertação provável» - a de Cardoso. Rosa Coutinho, acabado de chegar de Lisboa, deu conta de contactos nesse sentido, «entre o Governo Provisório e a FNLA e os outros movimentos».
Sem comentários:
Enviar um comentário