CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 3 de maio de 2017

3 750 - O «IAO» na Mata do Soares, mais de 200 mortos em Luanda!

Cavaleiros do Norte na messe de sargentos do Quitexe. Da esquerda para a
 direita, os furriéis Monteiro, Machado (a fumar) e Costa (morteiros) e o sol-
dado Lages (impedido do bar e que, há 43 anos, foi a uma consulta externa
ao Hospital Militar Regional de Tomar). Depois, da direita para a esquerda,
Ribeiro, Belo (de óculos), Viegas e, de bigode, Bento, Fonseca e Rocha

Cavaleiros de Zalala. À frente, os furriéis Nascimento,
Rodrigues e Manuel Dias (à civil, falecido a 20/10/2011,
em Lisboa e de doença). Na segunda linha,  o 1º. cabo
Ferreira e furriéis Barata (falecido a 11/19/1997,
de doença e em Alcains) e Louro. E os outros dois?


A Instrução Altamente (ou de Aperfeiçoa-mento) Operacional (IAO) dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 começou há exacta-
mente 43 anos: a 3 de Maio de 1974. Decorreu na Mata do Soares e, sublinha o Livro da Unidade, «já com autonomia das diversas companhias, com vista a pô-las a viver à semelhança, embora ténue, daquilo que iria ser a sua vida no ultramar».
O dia, uma 6º.-feira, foi tempo para dois futuros Cavaleiros do Norte se apresenta-
rem em Tomar, para consultas externas de cardiologia no Hospital Regional Militar: Carlos Alberto Aguiar Lages (da CCS) e Rui Manuel Duarte Rocha (da 2ª. CCAV. 8423.
Francisco Madaleno, atirador de Cavalaria
do PELREC, com UIm GE dos Grupos
da CCS, no Quitexe e em 1974
O Rui Rocha já lá tinha estado a 28 de Março, o Carlos Lages voltou a 6 de Maio. Pela mesma razão - a consulta de cardiologia.
Rui Rocha foi 1º. cabo condutor da companhia que se viria a aquartelar em Aldeia Viçosa, a do capitão José Manuel Cruz. Morava em S. Sebastião da Pedreira, freguesia da cidade de Lisboa - a que voltou no dia 10 de Setembro de 1975.
Carlos Lages, atirador de Cavalaria do PELREC da CCS, no Quitexe, foi o impedido do bar e messe de sargentos em toda a comissão. Também era de Lisboa e lá regressou a 8 de Setembro de 1975 - ao Pátio da Bica, na freguesia do Socorro.
Uíge, a verde mais claro,
onde esteve o BCAV. 8423

Libertação de presos
políticos de Angola

As notícias de Angola interessavam-nos sobremaneira e a 3 de Maio de há 43 anos soubemos que «a Assembleia Legis-
lativa do Estado de Angola mantém-se em exercício, no cumprimento de instruções emanadas da Junta de Salvação Nacional». Mas não se realizou a sessão prevista para esse dia. Seria a segunda, dos trabalhos dessa legislatura. A primeira, curiosamen-
te e segundo a Agência Lusitânia, tinha sido a 24 de Abril, véspera da revolu-
ção. Não foi explicado porque não se realizou a sessão de 3 de Maio de 1974.
O que estava em processamento era, segundo o Diário de Lisboa, «a libertação de presos políticos do Estado de Angola». Não se sabia era qual «o critério que presidirá a esse processamento, embora se saiba que começara a ser libertadas algumas pessoas», como avançava a Agência Lusitânia.
BC12, onde o BCAV. 8423 esteve aquartelado entre Março
e Setembro de 1975, visto da estrada e do lado do Songo

Incidentes em Luanda
com mais de 200 mortos!

Um ano depois, os Cavaleiros do Norte continuavam a sua jornada uíjana e cada vez mais alvos de críticas e desrespei-
tos de parte da comunidade civil.
A situação por lá, pela cidade de Carmona e toda a Província, era de «calma fictícia», como historia o Livro da Unidade, mas com (pequenos) incidentes que os Cavaleiros do Norte iam resolvendo, com mais ou menos dificuldade.
Notícia do dia era a realização de uma reunião da Comissão Nacional de Descolonização, para «analisar os acontecimentos de Angola». Teve participação de dois membros da Comissão Coordenadora do MFA/Angola, do tenente-coronel Passos Ramos e do ministro Melo Antunes.
Situação em Angola onde, como reportava o Diário de Lisboa, «as confronta-
ções entre movimentos de libertação - MPLA e FNLA - parecem ter terminado ma tarde de ontem», dia 2 de Maio de 1975. Mas «após três dias de violência, mais de 200 pessoas morreram e centenas ficaram feridas».
A cidade luandina estava a ser patrulhada por forças mistas (portuguesas e das forças armadas dos movimentos) e um oficial superior português declarou que «fôra alcançado o objectivo de pôr fim à violência».
«A tensão diminuiu nas últimas horas, em consequência de uma série de medidas pelo Governo, que reforçou o patrulhamento, por forças mistas, nas áreas afectadas pelos incidentes», reportava o Diário de Lisboa.
Carmona e o Uíge, vivendo embora a tal «calma fictícia», eram uma espécie de oásis. O esforço dos contínuos patrulhamentos «saía» do corpo e da alma dos Cavaleiros do Norte! Que nunca tal regatearam!

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