Os dias de Janeiro de 1975 iam sendo riscados do calendário, um a um, e pelo Algarve português continuava a Cimeira do Alvor.
A 14, uma terça-feira, hoje se fazem 48 anos, ficou a saber-se que o Governo de Transição de Angola seria formado até ao dia 31 desse Janeiro. E que o acordo entre Portugal e os três movimentos de libertação seria assinado no dia seguinte, às 20 horas.
Que boas notícias chegaram ao Quitexe, a Aldeia Viçosa e a Vista Alegre/Ponte do Dange, terras uíjanas do norte de Angola por onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!!! Mesmo muito boas!
«Pode dizer-se que o acordo está praticamente concluído, tendo voltado as quatro delegações a reunir esta manhã, para ultimarem a redacção dos últimos pontos do protocolo, os quais. segundo algumas fontes, se referem à atribuição das pastas ministeriais», reportava o Diário de Lisboa de 14 de Janeiro de 1975, que citamos.
Capa do Diário de Lisboa de 14 de Janeiro de 1975 |
Governo de Transição
e Forças Armadas !
A constituição do Governo de Transição de Angola tinha avançado para uma formação diferente das até aí propostas e discutidas.
«Compreenderá três vice-primeiros ministros, um por cada movimento, além do Alto-Comissário, de nomeação Portuguesa», reportava o Diário de Lisboa. E este já não seria Rosa Coutinho, o Almirante Vermelho, mas antes o brigadeiro Silva Cardoso.
Admitia-se, há 48 anos, que os vice-1º.s ministros fossem Lúcio Lara (indicado pelo MPLA), Johny Eduardo (pela FNLA e sobrinho do presidente Holden Roberto) e António Vakulukuta (pela UNITA).
Portugal teria (expectava-se) as pastas ministeriais da Economia e da Informação, enquanto cada um dos três movimentos teriam cinco ministérios. Não iria ser bem assim.
O futuro Exército de Angola teria 36 000 homens: 18 000 de Portugal e 6 000 de cada movimento. Os portugueses, porém, iriam gradualmente abandonando Angola até à data de independência: 11 de Novembro de 1975.
O Alto-Comissário Português acumularia com o Comando-Chefe das Forças Armadas, «não sendo de excluir a formação de comissões militares mistas, a exemplo do que tinha acontecido em Moçambique».
Os 1º.s cabos Felicíssino e João Estrela, que amanhã festeja 69 anos |
Estrela, 1º. cabo da CCS,
72 anos na Amadora !
O 1º. cabo João Francisco Lavadinho Estrela, da CCS do BCAV. 8423, festeja 72 anos a 15 de Janeiro de 1975. Amanhã e na Amadora.
Operador-cripto de especialidade militar e alentejano de Campo Maior, este Cavaleiro do Norte também passou por Carmona, antes de, no final da sua jornada africana do norte de Angoa, antes de regressar a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975. Regressou a Lisboa e à Rua dos Amenos, em Benfica - a sua residência desse tempo.
Actualmente, vive na Mina de Água, em S. Braz da Amadora, onde, profissionalmente, exerce(u) as funções de consultor imobiliário.
É para lá, e para ele, que vai o nosso de parabéns!
É para lá, e para ele, que vai o nosso de parabéns!
Zeca Silva em 1974 |
Zeca Silva em 2018 |
em festa de 68 anos !
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 tinham, no geral, coas relações com a comunidade civil do Quitexe - temperadas pelo respeito mútuo e até afectuosas e relativamente íntimas, nalguns casos mais particulares.
O Zeca Silva, da Fazenda Chandragoa, era um dos jovens contemporâneos desse nossos saudoso tempo (ele, a Carla Gaspar, as irmãs Morais, a Laide e o irmão Eduardo..., a Gena) e o pai (Manuel Silva) muitas vezes fornecia aos militares do Quitexe o famoso peixe tilápia, do qual eram produtores. Oriundo de Valpaços, faleceu (o pai) a 18 de Fevereiro de 2018, aos 93 anos.
O Zeca concluiu o 5º. ano do curso industrial em Carmona e ainda se aventurou no curso de regente agrícola no Tchivinguiro, mas atraiu-se para os negócios da família na fazenda de 2 850 hectares, que, por ano, produzia cerca de 700 toneladas de café. Em Carmona, tinha sapatarias na Rua do Comércio (frente à Ourivesaria Cunha), Avenida Portugal (frente ao Bar do Eugénio) e Rua da República (próximo do Tribunal).
Trabalhou na Galp Energia, em Sines, e este ano faz 68 anos! Com uma curiosidade muito particular pelo meio: nasceu a 9 de Janeiro de 1955, em Sintra, mas o bilhete de identidade aponta-lhe 15 como a data natal. Vá lá saber-se a razão.
«Festejo sempre no dia em que nasci», disse-nos agora, já aposentado e de velas assopradas e vida feliz, ainda que saudoso dos chãos de Angola. Parabéns!
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