CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 14 de janeiro de 2023

7 046 - O Governo de Transição e as Forças Armadas de Angola na Cimeira do Alvor!

 

Quitexe, a vila uíjana do norte de Angola que foi sede dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423. E
 mais tarde, também da 3ª. CCAV. Imagem da estrada do Café, no centro da localidade, vendo-se a bomba
de gasolina. Imagem do dia 24 de Setembro de 2019, de quando por lá passaram o furriel Viegas, da 
CCS e o condutor Nogeoira, da CCAÇ. 29/RI 21, a da Fazenda do Liberato
Parada do Quitexe. De pé, 1º.s cabos Soares (falecido), Oliveira e Pais,
furriel Rocha, 1º. cabo Estrela (de braço no ombro e que amanhã faz 72 
anos),  Silva, alferes Hermida (de bigode), Zambujo (idem), furriel Pires
(braços cruzados),  Felicíssimo (1ª. CCAV.), 1º. cabo Mendes, Soares, 
1º. cabo Pires (Fecho-Eclair, de mão no queixo) e Wilson. Em baixo, 
 Jorge Silva (3ª. CCAV.),  Costa, 1º. cabo Salgueiro (?), furriel António
Cruz e 1º. cabo Tomás


Os dias de Janeiro de 1975 iam sendo riscados do calendário, um a um, e pelo Algarve português continuava a Cimeira do Alvor. 
A 14, uma terça-feira, hoje se fazem 48 anos, ficou a saber-se que o Governo de Transição de Angola seria formado até ao dia 31 desse Janeiro. E que o acordo entre Portugal e os três movimentos de libertação seria assinado no dia seguinte, às 20 horas.
Que boas notícias chegaram ao Quitexe, a Aldeia Viçosa e a Vista Alegre/Ponte do Dange, terras uíjanas do norte de Angola por onde  jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!!! Mesmo muito boas!
«Pode dizer-se que o acordo está praticamente concluído, tendo voltado as quatro delegações a reunir esta manhã, para ultimarem a redacção dos últimos pontos do protocolo, os quais. segundo algumas fontes, se referem à atribuição das pastas ministeriais», reportava o Diário de Lisboa de 14 de Janeiro de 1975, que citamos.
Capa do Diário de Lisboa
de 14 de Janeiro de 1975

Governo de Transição
e Forças Armadas !


A constituição do Governo de Transição de Angola tinha avançado para uma formação diferente das até aí propostas e discutidas. 
«Compreenderá três vice-primeiros ministros, um por cada movimento, além do Alto-Comissário, de nomeação Portuguesa», reportava o Diário de Lisboa. E este já não seria Rosa Coutinho, o Almirante Vermelho, mas antes o brigadeiro Silva Cardoso. 
Admitia-se, há 48 anos, que os vice-1º.s ministros fossem Lúcio Lara (indicado pelo MPLA), Johny Eduardo (pela FNLA e sobrinho do presidente Holden Roberto) e António Vakulukuta (pela UNITA). 
Portugal teria (expectava-se) as pastas ministeriais da Economia e da Informação, enquanto cada um dos três movimentos teriam cinco ministérios. Não iria ser bem assim.
O futuro Exército de Angola teria 36 000 homens: 18 000 de Portugal e 6 000 de cada movimento. Os portugueses, porém, iriam gradualmente abandonando Angola até à data de independência: 11 de Novembro de 1975. 
O Alto-Comissário Português acumularia com o Comando-Chefe das Forças Armadas, «não sendo de excluir a formação de comissões militares mistas, a exemplo do que tinha acontecido em Moçambique».
Os 1º.s cabos Felicíssino
e João Estrela, que amanhã
festeja 69 anos


Estrela, 1º. cabo da CCS,
72 anos na Amadora !


O 1º. cabo João Francisco Lavadinho Estrela, da CCS do BCAV. 8423, festeja 72 anos a 15 de Janeiro de 1975. Amanhã e na Amadora.
Operador-cripto de especialidade militar e alentejano de Campo Maior, este Cavaleiro do Norte também passou por Carmona, antes de, no final da sua jornada africana do norte de Angoa, antes de regressar a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975. Regressou a Lisboa e à Rua dos Amenos, em Benfica - a sua residência desse tempo. 
Actualmente, vive na Mina de Água, em S. Braz da Amadora, onde, profissionalmente, exerce(u) as funções de consultor imobiliário. 
É para lá, e para ele, que vai o nosso de parabéns

Zeca Silva em 1974
Zeca Silva em 2018
Zeca da Chandragoa
em festa de 68 anos !


Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 tinham, no geral, coas relações com a comunidade civil do Quitexe - temperadas pelo respeito mútuo e até afectuosas e relativamente íntimas, nalguns casos mais particulares.
O Zeca Silva, da Fazenda Chandragoa, era um dos jovens contemporâneos desse nossos saudoso tempo (ele, a Carla Gaspar, as irmãs Morais, a Laide e o irmão Eduardo..., a Gena) e o pai (Manuel Silva) muitas vezes fornecia aos militares do Quitexe o famoso peixe tilápia, do qual eram produtores. Oriundo de Valpaços, faleceu (o pai) a 18 de Fevereiro de 2018, aos 93 anos.
O Zeca concluiu o 5º. ano do curso industrial em Carmona e ainda se aventurou no curso de regente agrícola no Tchivinguiro, mas atraiu-se para os negócios da família na fazenda de 2 850 hectares, que, por ano, produzia cerca de 700 toneladas de café. Em Carmona, tinha sapatarias na Rua do Comércio (frente à Ourivesaria Cunha), Avenida Portugal (frente ao Bar do Eugénio) e Rua da República (próximo do Tribunal).
Trabalhou na Galp Energia, em Sines, e este ano faz 68 anos! Com uma curiosidade muito particular pelo meio: nasceu a 9 de Janeiro de 1955, em Sintra, mas o bilhete de identidade aponta-lhe 15 como a data natal. Vá lá saber-se a razão.
«Festejo sempre no dia em que nasci», disse-nos agora, já aposentado e de velas assopradas e vida feliz, ainda que saudoso dos chãos de Angola. Parabéns!  

Sem comentários:

Enviar um comentário