CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

7 080 - Cavaleiros do Norte em tempo de rotação e em ZA de intensa politização dos movimentos!

A praça principal do Quitexe, mesmo em frente à Administração do Concelho. Ao fundo e a branco,
reconhece-se da Igreja de Santa Maria de Deus, onde, em 1974/75, sacerdotava o padre Albino
Capela, da Congregação dos Frades Capuchinhos Menores
A Igreja de Santa Maria de Deus do Quitexe e, do lado direito, vários
pavilhões que servem de escola e ocupam o espaço que era das
 casernas, oficinas, balneários, cozinha e refeitório do BCAV. 8423.

Os dias uíjanos dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, por meados de Fevereiro de 1975, iam-se desarriscando do calendário, com a trafnquilidade possível,  e a tarde de 16 de Fevereiro de 1975 foi tempo de, de ouvidos colados aos pequenos transistores de pilhas, ouvirmos o relato do FC do Porto-Benfica - que 
A rua lateral do quartel (à esquerda, onde estão
 os pavilhões escolares), vista do lado da Igreja
os encarnados venceram (3-0), com golos de Victor Martins, Moínhos e Toni. Relato através da onda curta da então Emissora Nacional a actual RDP.

Uma rápida e imediata
mudança para o BC12!

Ao tempo, e já com o Comando do Sector do Uíge extinto (no anterior dia 13), discutia-se a cada vez mais iminente (e desejadíssima), rotação do BCAV. 8423. Segundo o livro «História da Unidade», «agora com a pressa de uma rápida e imediata mudança para o BC12», na então cidade de Carmona - agora Uíge.
A mudança era do «agrado geral» para os militares e, na prática, mais um passo no caminho do regresso aos seus chãos natais, mas, para os Cavaleiros do Norte levedava-se a responsabilidade operacional «numa zona de intensa politização dos movimentos emancipalistas» - a FNLA, o mais influente na nossa ZA, o MPLA e a para nós quase desconhecida UNITA.
Mal imaginávamos o que iria acontecer nos trágicos primeiros 6 dias de Junho de 1975, já Carmona - para onde rodámos a 2 de Março. E nos antes e depois esses dias de duros e sangrentos combates dentro da cidade.
As operações militares pelas matas uíjanas, os suores de medos e os arrepios sentidos nos trilhos e picadas, as patrulhas e escoltas, eram um pequenino «nada» ao pé, que se comparasse nos dramáticos primeiros dias de Junho, na capital da província.
João Lino, Cavaleiro
 do Norte de Santa
 Isabel

Lino de Santa Isabel, a 
morte, atropelado, 3 meses 
depois do casamento !

O dia 16 de Fevereiro de 1975 foi também o dos 23 anos de João Lino Oliveira da Silva, soldado atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423 - a da Fazenda Santa Isabel. 
O Lino, cumprida a nossa jornada africana do Uíge angolano, regressou a Torre do Bispo, em S. Vicente de Paul (Santarém), a 11 de Setembro de 1975. E por lá fez vida, como trabalhador de uma empresa de PVC, em Vila Chão de Ourique, perto do Cartaxo. Compunha o rendimento familiar numa oficina de reparação de motorizadas e ainda «acudia» a outros pequenos oficiais desta área. Tragicamente, a 14 de Março de 1983 - três meses após o seu casamento... -, foi atropelado por um camião, quando seguia de motorizada, em S. Pedro (Portela das Padeiras), no cruzamento de Santarém para Rio Maior. O camião passou-lhe por cima e teve morte imediata.
«Era um bom homem, um amigo!...», recordou-nos o sobrinho Pedro Silva, que ao tempo tinha 11 anos e dele tem «muito boas recordações».
Aqui o lembramos hoje, quando faria 71 anos, evocando o Cavaleiro do Norte sempre humilde, gentil e disponível, que honrou a farda e a Bandeira Portuguesa que nos levaram ao país (Angola) que nascia e onde orgulhosamente cumprimos um dever de honra! Com garbo e sem mácula! 
Até um destes dias, João Lino! RIP!

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