CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 14 de abril de 2012

1 255 - Ir a um baptizado de farda vestida...

«Caçador» Fonseca foi a um baptizado de farda vestida
____________________________
A. CASAL DA FONSECA
Texto


Assistir a um baptizado no Quitexe, como convidado, fora coisa que nunca me passara pela cabeça! Mas aconteceu - embora não possa precisar a data, porque dela não tenho registo –, a convite dos amigos Portela e D. Maria.
Mas não achava grande jeito ir fardado para a cerimónia e tratei de lavar as roupas civis! Lavadas com sabonete, passadas pelo chuveiro,  penduradas na cruzeta e vincadas com as pontas dos dedos, já ao sol e enquanto escorriam! Técnicas e truques!
«Não me digas que vais à civil, pá !?..., Olha que vais arranjar lenha para te queimar!...», avisou-me o Mário, que era (e é) de Braga, a regar bem a frase com os palavrões que alimentavam o seu vocabulário!
No momento não lhe dei ouvidos, mas no dia do baptizado pensei duas vezes e não optei pelo risco. Cortei-as…, foi o que foi!
A única opção era pedir autorização ao capitão - não era por nada, mas tinha olhos de lince e de vez em quando ia à missa acompanhar a esposa -, o que não era fácil em manhã cedo de domingo!
«Por aquiiiii?!..., O que é que você quer?!...», interrogou-me ele, com ar distante e contrastante com o da esposa, sempre simpática!
E lá fiz o pedido, mas a resposta não se fez esperar: «Você nem pense e vá como está,  para a gente não se chatear! Já agora, as patilhas!...
«Então…, ó Amadeu!
...», ainda tentou a esposa, mas nada havia a fazer!
E lá tive de ir, fardadinho conforme as regras, sabendo bem que ele por ali estaria à espera de um deslize com a minha farda. Deslize que não aconteceu, excepção feita às patilhas que ficaram por aparar. Mas não se esqueceu o capitão e, no dia seguinte tinha-o à perna, com o 1º cabo escriturário Júlio a servir de mensageiro.
«Não posso ir pá, não posso abandonar o postode rádio!, respondi ao amigo!
Pois é, com esta m…. toda quem se vai lixar (o termo foi outro) ainda sou eu!...E lá foi com o recado, “obrigando” o capitão a vir ao posto!
Nessa altura já eu tinha dado um pulo ao Matos, o barbeiro, que me pusera as patilhas na ordem, em segundos! Mas não enganei o capitão que, desconfiado, ainda o foi interrogar! Que não, era impossível porque ele ainda não me vira naquele dia, e sustentou-o sempre! Grande amigo Matos, por onde andarás?!

ANTÓNIO CASAL DA FONSECA

Sem comentários:

Enviar um comentário