Assentei praça faz hoje precisamente 39 anos. O tempo voo!!! Era Abril de 1973 e, verdinho de anos e com a irreverência de quem tem sonhos, lá me fiz a caminho da tropa. A preparar-me para a guerra!
O dia tinha uma marca muito particular e íntima: faziam-se precisamente oito meses de luto pela morte de meu pai e a minha partida gerou alguns constrangimentos familiares, pessoais e afectivos.
Não havia, porém, muito como escapar e eu não também quis beneficiar de qualquer eventual apoio que, em qualquer grau, m´evitasse ir à tropa. Teimoso e orgulhoso, lá me pus eu, faz hoje 39 anos, em traje de ir para a guerra - com o bornal cheio de recomendações de minha mãe, que em casa ficou viúva e sozinha!
Todos destes anos depois, posso garantir que nunca me arrependi, nem nos duros tempos de Lamego (nas Operações Especiais que me fizeram Ranger), muito menos na recruta da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Ou sequer nos tempos de Santa Margarida - onde se fez nascer e crescer a família dos Cavaleiros do Norte.
No bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de familiares e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que, na minha adolescência (e sabendo que o meu futuro seria a guerra!), me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: "Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!».
Assim julgo ter feito. E pela vida fora!
Hoje, 39 anos depois, direi, e direi com total convicção, que ganhei muito por ter ido à tropa. Que, entre virtudes e defeitos, boas e más memórias, dramas, tragédias e glórias, me "fiz melhor". Melhor, principalmente, porque ganhei a solidariedade dos muitos companheiros que, de 23 de Abril de 1973 a 8 de Setembro de 1975, foram gente do meu dia-a-dia, dividindo-se e/ou multiplicando-se comigo. E pela vida fora, até hoje!
Não tivesse ido e, seguramente, ainda hoje me sentiria um cidadão menor! Ainda hoje, melhores dos meus amigos, são amigos da tropa. De Portugal e de Angola!
- FOTO. Tirada em Lamego, no CIOE, em Setembro ou
Outubro de 1973, meses depois de ter assentado praça.
Estava de serviço, de sargento de dia, com a
famosa pistola Walter em pose de tiro.
O dia tinha uma marca muito particular e íntima: faziam-se precisamente oito meses de luto pela morte de meu pai e a minha partida gerou alguns constrangimentos familiares, pessoais e afectivos.
Não havia, porém, muito como escapar e eu não também quis beneficiar de qualquer eventual apoio que, em qualquer grau, m´evitasse ir à tropa. Teimoso e orgulhoso, lá me pus eu, faz hoje 39 anos, em traje de ir para a guerra - com o bornal cheio de recomendações de minha mãe, que em casa ficou viúva e sozinha!
Todos destes anos depois, posso garantir que nunca me arrependi, nem nos duros tempos de Lamego (nas Operações Especiais que me fizeram Ranger), muito menos na recruta da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Ou sequer nos tempos de Santa Margarida - onde se fez nascer e crescer a família dos Cavaleiros do Norte.
No bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de familiares e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que, na minha adolescência (e sabendo que o meu futuro seria a guerra!), me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: "Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!».
Assim julgo ter feito. E pela vida fora!
Hoje, 39 anos depois, direi, e direi com total convicção, que ganhei muito por ter ido à tropa. Que, entre virtudes e defeitos, boas e más memórias, dramas, tragédias e glórias, me "fiz melhor". Melhor, principalmente, porque ganhei a solidariedade dos muitos companheiros que, de 23 de Abril de 1973 a 8 de Setembro de 1975, foram gente do meu dia-a-dia, dividindo-se e/ou multiplicando-se comigo. E pela vida fora, até hoje!
Não tivesse ido e, seguramente, ainda hoje me sentiria um cidadão menor! Ainda hoje, melhores dos meus amigos, são amigos da tropa. De Portugal e de Angola!
- FOTO. Tirada em Lamego, no CIOE, em Setembro ou
Outubro de 1973, meses depois de ter assentado praça.
Estava de serviço, de sargento de dia, com a
famosa pistola Walter em pose de tiro.
Sem dúvida, os melhores amigos são os da tropa. Mas alguém tem dúvida? Quando se envia um abraço é para todos.
ResponderEliminarMuito bem, caro CV, um belo testemunho. Por esse tempo, muitos heróis da agora fugiam da tropa, porque n/ passavam de cobardes. Servir a nossa Pátria é sempre uma honra, seja porque razão for, e a tropa nunca fez mal a ninguém.
ResponderEliminarFelicito-te pelo excelente trabalho dos 3 anos e tal de blogue, que eu acho extraordinário e que todos os dias leio. É extraordinário o volume de memórias que aqui expões, recebe um grande abraço.
Bento