CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 14 de junho de 2014

2 062 - Fulminante e sangrenta operação de caça ao homem

Alferes Garcia e Almeida. Atrás, os 1ºs. sargentos Barata e Aires (em cima). 
Um «mpla» esquartejado e morto em Carmona (foto de Alfredo Coelho «Buraquinho»)



Carmona, 14 de Junho de 1975. O nosso alferes Almeida faz 28 anos. É economista e arquitecto e oficial de reabastecimentos, um dos nossos maiores e melhores. Hoje, 39 anos depois, a vida profissional «hospeda-o» no seu ateliê de Marraquexe, em Marrocos - país de que é cônsul no Algarve. A facilidade de comunicação dos dias de hoje, permitiu o abraço de parabéns que telefonicamente voou de Águeda até lá. Está bem e feliz. «Já cá cantam 67!!...», disse-me ele, em sonora gargalhada. De satisfação.
Há 39 anos, precisamente, não eram tão fáceis e ágeis as comunicações. E Carmona vivia dias aflitivos, de tragédia, sangue e morte.
Recuo no tempo, a 4 de Junho, lendo um despacho do Diário de Lisboa, a  partir de Luanda, de um enviado especial: «A aparente estabilidade da situação em Carmona  rompeu-se brutalmente nas últimas 24 horas, com uma fulminante e sangrenta operação de caça ao homem lançada pelos comandos de Holden Roberto (ELNA), contra militares e civis do MPLA».
O relato (quase) coincide com a vivência desses dias. Dias em que os Cavaleiros do Norte não foram à cama e, 24 sobre 24 horas, até 6 ou 7 de Junho, estiveram em prontidão operacional, recolhendo feridos para o hospital, levando civis para o BC12 - fugindo à metralha que incendiava a cidade.
«A matança prossegue em Carmona (...), Ninguém dispõe ainda de número de mortos, feridos, presos e desaparecidos, mas as vítimas serão já muitas. As ruas estão cheias de cadáveres, segundo os telefonemas recebidos em Luanda», relata o jornal.
Ruas cheias de cadáveres, é um exagero - parece-me. Mas que a situação era «extremamente grave», como na capital afirmou um alto responsável do MPLA, lá isso era. Assim como era verdade os «fnla´s» invadirem casas de simpatizantes do MPLA «matando muitos deles, espancando e raptando outros». Os «mpla´s», tanto quanto podiam, não faziam diferente. Com os Cavaleiros do Norte a tentarem, hora a hora, evitar maior tragédia. Centenas e centenas, milhares de civis fora recolhidos no BC12. Foram dias de drama, de dor, de medos e de muita coragem, de sangue e de muitos ódios fratricidas - que não nos cabem comentar. 

Sem comentários:

Enviar um comentário