O BC12, visto de Carmona, com o bloco habitacional (no círculo amarelo). Em baixo, Mosteias, Viegas, Bento, Cândido Pires e José Pires na varanda do mesmo edifício, há 39 anos
A 23 de Julho de 1975, os comandos dos Cavaleiros do Norte «realizaram reuniões de trabalho com elementos do QG/RMA, de modo a obter os meios necessários à execução da operação» de evacuação de Carmona para Luanda.
O movimento, como leio no Livro da Unidade, «começou a materializar-se a 31 de Julho» e terá sido mais ou por esta altura (dia 23, mais para trás, mais para a frente) que a classe de sargentos da CCS, até aí instalada na antiga messe de oficiais do Bairro Montanha Pinto, se mudou para o bloco residencial ao lado do BC12 - já de malas pré-prontas para Luanda
O mesmo dia foi tempo, também na capital do Uíge, para a FNLA «fazer exigências» às NT, querendo impor a (nossa) entrega de armas.
Luanda acordou com um cessar fogo (mais um) entre MPLA e FNLA, apesar de esta continuar no Forte de S. Pedro da Barra, resistindo à «intensa batalha» do domingo anterior (dia 20). As Forças Armadas Portuguesas, neste mesmo dia, noticiava o Diário de Lisboa, «estão prontas a intervir para evitar o possível avanço das tropas da FNLA sobre Luanda, dominada pelo MPLA, desde os violentos combates do princípio do mês».
A FNLA, em Kinshasa, dava conta que ter pedido às autoridades locais, no sentido de passar para Angola o pessoal e material que tinha nas bases do Zaire. «Nenhum bando armado será capaz de bater as forças da FNLA, no seu conjunto», afirmava o comunicado, acusando Portugal de «intervir directamente ao lado do MPLA, apesar dos desmentidos oficiais».
O documento foi divulgado pela France Press, apontava o dedo às autoridades portuguesas, acusando-as de «ludíbrio», e apelava à mobilização geral do seus militantes, porque, e citamos, «o combate prosseguirá contra as tentativas neocolonialistas de Lisboa, até ao triunfo total dos ideais do povo angolano».
Noutro comunicado, anunciava que as suas tropas marchavam sobre Luanda, para «libertarem as populações da capital angolana».
Era neste contexto que os Cavaleiros do Norte resistiam às bélicas exigências da FNLA, que dominavam na terra do Uíge. As Forças Armadas Portuguesas dispostas a impedir o avanço da FNLA, para Luanda, e nós, em Carmona, cercados e ameaçados pela mesma FNLA. Não foi fácil.
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