CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 20 de julho de 2014

2 118 - Os presos do quartel da PIDE/DGDS de Carmona

Rua da cidade de Carmona, em 1974, com o prédio da RIMAGA, à 
esquerda. O furriel Viegas e o capitão Domingues, em 1975 (em baixo)



Leio Livro da Unidade, procuro dados sobre 20 de Julho de 1975, estavam os Cavaleiros do Norte por Carmona e, por momentos, assalta-me à memória um domingo de Julho, em Carmona. Que poderia ter sido este 20 de Julho. Não estou certo.
Eu, o Almeida, o Marcos e o condutor Breda estávamos de PM, desde as 14/15 horas. Chegou a hora do jantar e fui deixado na messe, seguindo os companheiros para o BC12. Voltaram a buscar-me, para noite que nos esperava e nunca era fácil. Fui chamado pelo oficial de dia: tínhamos de ir ao antigo aquartelamento da DGS/Flechas, onde se instalavam as Forças Integradas. 
O objectivo era buscar três civis, que estavam presos pela FNLA - e cujos nomes não lembro. Nem sei se algum deles era meu conhecido. Tinham sido detidos às mãos e razão de uma qualquer vingança pessoal - situações que dramaticamente se repetiam por esse tempo.
Um deles, era amigo do capitão Domingues - primo de Fátima Resende, em Luanda e esposa de amigo meu. O próprio capitão Domingues (que me conhecia de visitas à Família Resende, em Luanda), me contactou na messe Poupando palavras, lá fomos nós (eu, o Almeida e o Marcos), no jipe conduzido pelo Breda - que ficou à entrada do aquartelamento, com o motor em funcionamento. Não fosse termos de «fugir».
O oficial de dia não estava (!!!!), o sargento de dia estava, mas semi-embriagado. E quanto a soltar os presos, está quieto!!! Nós nem sequer tíhnamos mandato de soltura e esgotei os meus argumentos, já dentro do aquartelamento, para que no-los entregassem, 
Às tantas, convenci o sargento a deixar-nos ver os civis detidos. Que não, que não e que não... Mas fomos! O sargento abriu a porta da cela e os três homens (ou eram quatro?) ficaram estupefactos. Mas sem uma palavra, suando frio de medos. Compreensíveis! 
«Vá lá, saiam!...». Mas eles não saíam, com medo de serem abatidos. Suponho! O sargento cambaleava e, moita-carrasco, nada de soltar os homens. «Saiam, saiam...», dizia eu, sempre de olho no sargento das Forças Integradas. Mas nada, nem se mexiam, encostados à parede da sela.

O Marcos, então e sempre mais ousado, puxou um dos detidos pelo braço e incentivou-o a sair. O sargento não reagiu e lá acabámos por sair todos.
Já fora do aquartelamento, o Breda mantinha o jipe trabalhar e, apressadamente, como calculam, atabalhoámo-nos todos por cima da viatura e ala que se faz tarde. Com os três presos civis sob nossa escolta e protecção. Nunca mais soube deles, depois de os deixarmos no BC12, seriam umas 10 horas da noite.

Ele, há dias que sã noites e nunca esquecem.

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