CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

2 921 - A FNLA a emitir pela rádio de Carmona

Santa Eulália, quartel e pista, em 1973 (foto de Jorge  Oliveira). O Rádio Clube do Uíge, em 
Carmona,  frente ao Cinema Moreno, de onde, muito provavelmente, emitia a FNLA,  há 39 anos



A 29 de Outubro de 1975, desci da fábrica e passei por Águeda, para ler a imprensa da tarde. Não era tão rápida, como hoje, a informação, e a leitura dos jornais vespertinos era a melhor forma de ter alguma actualização sobre o que se passava em Angola. Estávamos a 13/14 dias da independência e não havia forma de achar notícias de Carmona. Apareceram na edição do Diário de Lisboa desse dia.
«Na Frente Norte, há a registar o recuo da formas mercenárias do ELNA e zona de confrontações no triângulo Barra do Dande-Caxito-Libongos. Dada a contra-ofensiva desencadeada pela forças populares, as forças mercenárias abandonaram as suas posições naquela zona, tendo-se retirado para posições próxima do Ambrizete. Inclusive, as forças que possuíam no Ambriz foram igualmente concentradas naquela região", reportava o jornal, comummente conhecido como afecto às posições do MPLA. 
Esta retirada, porém, poderia significar «o reagrupamento de efectivos», dado que, e continuo a citar o DL, «as forças mercenárias sofreram pesadas perdas em homens e material de guerra». Ontem mesmo, adiantava o jornal, «após violentos combates na 1ª. Região Militar (do MPLA), as forças mercenárias deixaram no terreno dois blindados zairenses e os seus ocupantes». 
As linhas de confrontação situavam-se, por essa altura, pela zona de Santa Eulália e havia já, notava o DL, «unidades das forças regulares localizadas em Camabatela» - que fica(va) muito perto do Quitexe.
Aparecerem, finalmente, notícias de Carmona: 
«A rádio dos mercenários, localizada em Carmona, capital da província do Uíge, para esconder as pesada derrotas sofridas na frente do Caxito, anuncia que os mercenários retiraram porque tinham de poupar o povo, que já não tinha comida em Luanda, nem água». Por mercenários entenda-se, na linguagem do MPLA, as forças da FNLA e quem a apoiava.
«Foi a UPA/FNLA que enviou água para Luanda, em aviões da Cruz Vermelha, para que o povo não morresse de sede», escrevia do Diário de Lisboa, por despacho do Diário de Luanda, dando voz à rádio que emitia a partir de Carmona. 

Sem comentários:

Enviar um comentário