Os incidentes de Carmona «rebentaram» na madrugada de 1 de Junho de
1975. Há 41 anos! A imagem é desse conflito, no qual morreu muita gente,
muitas pessoas ficaram feridas e milhares pediram protecção aos Cavaleiros do Norte
Notícia do Diário de Lisboa de 2 de Junho de 1975 sobre os combates em Carmona, na véspera, um domingo! |
«Mais uma vez as NT procuraram minimizar o conflito, procurando o seu términus rápido e diligenciando por limitar os seus efeitos», lê-se no Livro da Unidade, acrescentando que «contudo, como rescaldo, ainda mais ficou vincada a hegemonia da FNLA, pois que tudo o se possa considerar combatente ou simpatizante do MPLA foi expulsos do distrito, nos melhores casos, porquanto noutros há a citar algumas dezenas de mortos».
O dia foi imensamente dramático e trágico. Dia de terrores e medos, semeados na cidade, onde sucessivas patrulhas da tropa portuguesa acolhiam centenas e centenas civis que pediam protecção e recolhiam mortos e feridos - estes levando-os para o hospital. Civis no BC12, terão passado dos 2000!
Forças Militares Mistas na parada do BC12, em Carmona. Incluíam combatentes dos 3 movimentos, com participação e comando português |
O Diário de Lisboa do dia seguinte (2 de Junho de 1975) noticiava que «graves incidentes estalaram ontem em Carmona, entre tropas do MPLA e da FNLA», mas sem muitos pormenores. Apenas um que me parece errado, referindo «a intervenção, até agora sem êxito, de uma equipa militar mista, composta por forças integradas, dos três movimentos de libertação» - uma equipa das Forças Militares Mistas (FMM) que, ao tempo, se preparavam (com formadores militares portugueses -eu fui um deles) para integrar o (então futuro) Exército Nacional Angolano.
Nenhuma memória há, entre os Cavaleiros do Norte, da intervenção dos elementos das FMM. A segurança, toda a possível e mais que a possível, foi exclusivamente feita pelas NT, nem se compreenderia como agiriam os combatentes dos movimentos actuando lado a lado (em FMM) combatendo os seus inimigos. Eles eram inimigos entre si.
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