CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 2 de junho de 2021

5 450 - O dia 2 dos trágicos e mortíferos combates de Carmona de há 46 anos!

Imagem dos trágicos incidentes de Carmona, nos primeiros dias de Junho de 1975.
 Há 46 anos! Morreram milhares de pessoas, nunca se saberão quantas e quem!

Os combates de Carmona no Diário de Lisboa
do dia 2 de Junho de 1975. Há 46 anos!


A cidade de Carmona acordou, na madrugada de 1 de Junho de 1975, ao som da metralha que afastou e enlutou irmãos de sangue e de pátria.
Os combatentes do MPLA e da FNLA, que preferiram o diálogo das armas, à razão da palavra e do futuro, continuaram no dia seguinte, o dia 2 - uma segunda-feira. E seguintes.
O blogue «Cavaleiros do Norte» já abundantemente - e nestas datas de cada ano, desde 2009 - se referiu à tragédia que enlutou as gentes do Uíge e ensanguentou o seu chão pátrio. O número de mortos, nunca se conhecerá ao certo. As brutalidades que se cometeram nunca serão esquecidas, principalmente por quem as sentiu na carne e na alma.
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, como lhes competia e em risco permanente pondo a sua própria vida, protegeram a população civil e recolheram milhares de civis no BC12. 
O livro «História da Unidade», na sua página 24, sublinha, em relação às NT, que «cabe aqui afirmar-se que a calma demonstrada, o sangue frio posto, o verdadeiro sentido de missão, o espírito de sacrifício mostrado são garantes da sua tenacidade e firme certeza de que nelas - no BCAV. 8423 - está verdadeiramente imbuído o sentido de grandeza próprio do consciente desinteressado e leal desejo de cumprir a missão que lhe está sendo imposta no processo de descolonização».
Hoje, 46 anos passados, sentimos honra e orgulho pelo que na altura se fez (fizemos) para defender vidas (principalmente) e bens. Muito embora saibamos que «mal-agradecidos». Mais: muito mal-tratados! É a vida!
O furriel Viegas e o engº. Eugénio Silva, ao 
tempo (1975) jovem estudante de Carmona
e um dos milhares de civis recolhidos pelo
BCAV. 8423 na parada do BC12.
Imagem de Setembro de 2019

Imprecisões sobre os
incidentes de Carmona

O Diário de Lisboa de 2 de Junho de 1975 noticia que a segurança da cidade estava dependente das forças integradas (mistas). O que não é verdade, pois a tropa que interveio foi apenas a portuguesa, unicamente os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, nem sensatamente seria curial que as forças mistas se envolvessem em ações que pretendiam anular a fúria insensata e mortífera dos militares dos dois movimentos. Frente a companheiros de movimento e misturados 
O BC12 a 25 de Setembro de 2019,
quando por lá passou o furriel Viegas
com o inimigo, o que fariam?
O jornal de Lisboa acrescentava que «(...) o recrudescimento das confrontações determinaram uma ordem de marcha, emitida esta manhã, para que segunda força militar integrada siga para Carmona e domine a situação».
Não há memória de que, alguma vez, tal força tenha chegado a Carmona.
Nem precisa, seria. A sua presença só iria aumentar a instabilidade da cidade e fazer medrar a insegurança que, brava e corajosamente, os Cavaleiros do Norte sustentavam e combatiam, horas atrás de horas, dias seguidos de dias. E noites! Sem comer e sem dormir.
«Mais uma vez, as NT procuraram minimizar o conflito, procurando o seu términus rápido e diligenciando por limitar os seus efeitos», lê-se no livro «História da Unidade», referindo também que «no rescaldo, ainda mais vincada ficou a hegemonia da FNLA».
«Tudo o que se possa considerar combatente ou simpatizante do MPLA foi expulso do distrito, no melhor dos casos, porquanto noutros há a citar algumas dezenas de mortos», acrescenta o HdU, também aludindo a «calma ainda mais fictícia e preocupante» que resultou dos graves incidentes.
O HdU também refere que a população pediu «a protecção das NT, a qual lhe foi dada, entrando no quartel um milhar e tal de refugiados», diríamos nós que aproximadamente 2000, o que (o apoio aos refugiados, principalmente do MPLA) «não encontrou receptividade da FNLA, considerando-a como discriminatória e partidária». Dessa posição da FNLA resultou, ainda segundo o HdU, «um período seriamente preocupante para o BCAV. 8423». Que iria «durar» por toda a semana!

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