CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 9 de julho de 2022

5 858 - O comandante no Quitoque e Quimassabi! Os perigos da guerra subversiva e de IN que não mostrava a cara...

 

Os furriéis milicianos Joaquim Abrantes, Cândido Pires e Viegas na Aldeia do Talambanza, 
encostadinha ao Quitexe, a caminho de Carmona e em finais do ano de 1974

Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, todos rádio-montadores:
 soldado António Silva, 1º. cabo António Pais (que amanhã faz
70 anos), furriel miliciano António Cruz e 1º. cabo Rodolfo
Tomás, na parada da CCS, no Quitexe

A 10 de Julho de 1974, o tenente-coronel de Cavalaria Carlos Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423, reuniu com os povos do Quitoque e do Quimassabi, sanzalas mesmo à saída do Quitexe, na Estrada do Café e para Carmona.
Já lá vão 48 anos!
Terá sido numa destas aldeias (a memória já não lembra tudo) que pela primeira vez vimos mulheres negras de peitos nus, o que nos encheu os olhos e a alma de desejos. Éramos rapazes novos, insaciados e muito carenciados. O que para aquela gente era muito natural, era para nós cousa bem diferente. Adiante.
A reunião era uma das muitas que então se faziam, com os povos indígenas, 
O Quitexe e localidade próximas
comerciantes e fazendeiros, autoridades tradicionais e população, no geral, mentalizando-as para os novos tempos - os nascidos da revolução que se fizera em Lisboa.
Já com mais de um mês do Quitexe e algumas operações, patrulhamentos e escoltas no nosso diário de guerra, a terra angolana ainda era para nós um mistério e todos os dias uma surpresa. E também um medo, que sobrevoava nas memórias, recordando a terra vermelha e ensaguentada pelos massacres de 1961, que nós tão bem víramos em imagens de homens esquartejados, serrados e incendiados, mulheres e crianças violadas, bens destruídos e sabe-se lá o que mais, emergido a (e depois de) 15 de Março. 
E era nessas terras que estávamos, armados, em missão deferente, de paz!, mas sujeitos aos perigos de uma guerra subversiva e de inimigo que não mostrava a cara.
Citamos o jornalista e escritor José Freire Antunes, sobre os incidentes de Março de 1961, de 15 a 18, e no seu livro «A guerra de África - 1961 - 1974»: «O Norte de Angola é avassalado por uma onda de brutalidade tribal, assassínios em massa, incêndios, destruição e rapina de haveres, violações de mulheres e crianças. Os tumultos espalham-se às plantações de café isoladas, aos postos de abastecimento e às vias de transporte».
Era nessa terra, mas 13 anos depois e já depois da revolução de 25 de Abril de 1974, que os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 faziam o se «debute» de guerra. Há precisamente 88 anos!
Éramos jovens e já estamos no ano dos nossos 70 anos!
O 1º. cabo Pais
e esposa em 2020


Pais, 1º. cabo rádio-montador,
festeja 70  anos em Peniche

O 1º. cabo António Correia Lourenço Pais, da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, faz 70 anos a 10 de Julho de 2022.
Cavaleiro do Norte rádio-montador de especialidade militar, também passou por Carmona (e pelo BC 12) e é natural de Travassós de Baixo, povoação da freguesia de Rio de Loba, em Viseu. Foi lá que regressou a 8 de Setembro de 1975 - quando terminou a sua (e nossa) comissão angolana, pelos nortenhos chãos do Uíge.
Electricista e picheleiro de profissão, por lá viveu até à aposentação - quando se mudou para Atouguia da Baleia, em Peniche. É para lá, e para ele, que vai o nosso abraço de parabéns, embrulhado no desejo de muitos mais e bons anos de vida.
O 1º. cabo Fernando Soares e
os soldados Dionísio e Marcos


Soares, 1º. cabo do PELREC,
faria 70 anos. Faleceu em 2018!

O 1º. cabo Fernando Manuel Soares, da CCS do BCAV. 8423,  faria 70 anos a 10 de Julho de 2022. Faleceu em 2018.
Especialista de Reconhecimento e Informação, integrou o PELREC do Quitexe e do alferes miliciano António Garcia e, na prática, foi atirador de Cavalaria por toda a jornada africana do norte de Angola, de onde regressou a 8 de Setembro de 1975,  fixando-se na Cova da Piedade. Profissionalmente, continuou a trabalhar nos estaleiros e mais tarde fixou-se no Laranjeiro. Enviuvou há alguns anos e com um filho emigrado na Suíça, aposentou-se a morava no Laranjeiro, concelho de Almada - onde algumas vezes o achámos. Um problema canceroso apressou a sua morte, que aconteceu por volta de Março/Abril de 2018.
Não conseguimos saber a data exacta, mas hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

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