Monteiro, Neto e Viegas, três Cavaleiros do Norte em vésperas de
embarque para Angola, há 40 anos. Em baixo, a cassete (cor de
laranja) com a gravação sineira
26 de Maio de 1974!
É domingo e cada Cavaleiro dos Norte da CCS faz desse dia o do «adeus que vou para Angola!». É a véspera de embarque. Teríamos de estar ao princípio da manhã de 27 (das 9 para as 10 horas) no RC4, em Santa Margarida.
Gravei os repeniques dos sinos da minha aldeia, os sinais de chamada para a missa, o toque de santos - acrescentando-os aos sinais de funeral, que tinha registado dias antes (a 20), no da ti Casimira, um conterrânea de 70 e alguns anos, que conheci cega.
Isto pode até pode parecer macabro, mas foi a forma que, ao tempo, melhor achei para, imaginando-me no sertão africano para onde ia, apaziguar a alma com a morte das saudades da terra, do seu chão e dos seus sons. E quantas vezes os ouvi, nos quartos do Quitexe e de Carmona, recopiados a fita da cassete, no velho rádio-gravador que, embora inoperacional, ainda guardo ali no sótão.
Ia sair na madrugada de 2ª.-feira, vinha (e veio) o pai do Neto buscar-me, já com ele, para nos levar a Santa Margarida. Na noite de faz hoje 40 anos, nesse domingo, demorei-me em casa de um familiar e voltei para a ceia - que me esperava na mesa de minha mãe. Comemos, tranquilos, e chegou a minha irmã mais nova e cunhado. Despedimo-nos com abraços e deitei-me. Daí por horas, ia começar a longa viagem que me levaria a Luanda e ao Quitexe! Que, afinal, seria adiada para o dia 29 de Maio!
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