CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

2 043 - O dia do meio da(s) partida(s) para Angola

O Regimento de Cavalaria 4, no Campo Militar de Santa Margarida. Vista aérea, recente (da net). O pavilhão (a vermelho) e o bar/refeitório dos futuros furriéis milicianos dos Cavaleiros do Norte (a verde). Almeida Santos e Mário Soares em Londres, a 27 de Maio de 1974


A 28 de Maio de 1974, dia de «férias» para o embarque, passei-o eu e a maioria dos Cavaleiros do Norte da CCS no RC4, fazendo horas para o dia seguinte - que seria (e foi) o da partida para Lisboa (em autocarro) e, daqui, para Luanda, em avião dos TAM.
Não errarei muito se lembrar que, neste dia, em desenfianço num jeep militar, fomos almoçar a S. Miguel de Rio Torto - por onde passáramos no IAO. 
Fosse como fosse, o dia foi passado com lentidão, como se as horas não passassem e não sobrassem unhas para roer, a alguns de nós.  Certo foi que, na «Noite de Cinema» da RTP, passou um filme italiano, o «Sob o Sol de Roma», de  Renato Castellani. Isto no Programa 1. Na que hoje se poderá chamar RTP1. No Programa 2 (ou a agora RTP2), que, julgo, não se via em todo o país, passava, muito a propósito, «As grandes batalhas do passado», remetidas para 52 anos antes de Cristo, com Alesia. 
A política portuguesa fervilhava: Almeida Santos, em Londres, afirmava que «não será possível governar Angola e Moçambique a partir de Lisboa» e que a escolha de governadores para estes dois Estados estava mais fácil para Lourenço Marques que para Luanda - onde «a população está dividida».
Almeida Santos estava em Londres, onde se encontrou com Mário Soares (que ia de uma ronda de contactos com países do Leste Europeu, África e Ásia) e não se punham dúvidas quanto à intenção de «Portugal conceder a auto-determinação e independência» aos (futuros) países - muito embora o processo de descolonização preconizado por Lisboa fosse «necessariamente lento» - como referia Joaquim Letria, o enviado especial do Diário de Lisboa.
O Serviço de Informação Pública das Forças Armadas dava conta, neste mesmo dia, da morte, em combate, de 5 militares portugueses: dois na Guiné, dois em Moçambique e um em Angola. Era este, o soldado António José Duarte da Silva, de Marmelede, concelho de Monchique.
Ao outro dia, 29 de Maio de 1974, lá íamos nós para Angola!

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