CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

3 843 - Cavaleiros do Norte, há 42 anos, no último adeus a Carmona!


Militares portugueses com civis, na coluna de Carmona para Luanda, há
42 anos, dia 4 de Agosto de 1975:  NN, 1º. cabo Manuel Mendes (atirador),
1º. cabo Deus (operador cripto), soldado António Santos (atirador) e
furriel miliciano António Artur Guedes (atirador de Cavalaria)

O condutor Vicente Alves (volante ao lado direito) e
o furriel miliciano José Querido (de óculos)

O dia 4 de Junho de 1975 foi o último da presença militar portuguesa em terras do Uíge: de lá rodaram a 2ª. CCAV. 8423 e a 3ª. CCAV. 8423. Para Luanda.
A epopeica coluna saiu com reforço de uma Companhia de Comandos (desde o BC12) e outra de Paraquedistas (a partir do Negage) e que, das vésperas, se co-
nhecia o êxodo de civis. «Começou a sentir-se que iriam acompanhar a nossa coluna centenas de viaturas, com alguns milhares de desalojados, que procuravam o refúgio protector das NT», sublinha o Livro de Unidade, salientando que 
O BC 12, fachada principal vista do lado de
Carmona e de onde o BCAV. 8423 saiu há
precisamente 42 anos - dia 04/08/1975
«aumentaram as dificuldades e aumen-
taram as responsabilidades».

Salvar bens e
salvar vidas!

A posição dos Cavaleiros do Norte era, desde a primeira hora, a de defender as populações, a que preço fosse. Já o mesmo acontecera na dramática e sangrenta primeira semana de Junho e assim continuou. Até ao último instante!
«Há que entregar toda esta molde de gente são e salva em Luanda, há que contrariar os intentos da FNLA em reter essas populações, os seus bens e se calhar as suas vidas, há que salvaguardá-la do saque do poder popular», escreveu, na altura, o comandante Almeida e Brito.
A coluna partir de Carmona às 5 horas da manhã de 4 de Agosto de 1975, mas «pode dizer-se», refere o Livro de Unidade, que «a partir das 2 horas tudo se pôs a postos para que o horário fosse cumprido»
Efectivamente, às 5 horas da manhã, «toda a máquina se moveu»A coluna abriu com a Companhia de Comandos, seguindo-se as duas dos Cavaleiros do Norte. «Juntaram-se cerca de 700 viaturas, com alguns milhares de desalojados», anota o Livro da Unidade.
A FNLA em Carmona

FNLA quis bloquear
os civis da coluna

As primeiras dificuldades surgiram ainda na cidade, quando «a incompreensão dos civis gerou o primeiro problema com a FNLA que, bloqueando-os, não os quis deixar sair».
Resolveu-se às 5,15 horas, mas foi o primeiro de vários pois «esta resolução iria dar azo ao segundo e mais grave incidente, pois todos os que fugiram para o Negage, foram impedidos de partir». O problema «iria atrasar em cerca de 8 horas a marcha da coluna».
Posta a coluna em marcha, «passou o controlo da FNLA no Candombe» e por volta das 7,30 horas, o nevoeiro serrado provocou um acidente e o abandono de duas viaturas médias. Depois, e já no Negage, também uma viatura pesada.
No Negage, incorporaram-se as viaturas do Aeródromo Base 3  e as Companhias de Caçadores ali estacionadas. A coluna fechava com a Companhia de Paraquedistas.
Daniel Chipenda

Chipenda no Negage
para passarem civis

O Negage «estava pejado de viaturas em toda a cidade», mas «a FNLA em peso» quis impedir a sua saída, excep-
tuando as privadas da coluna militar». E não era o caso das dos civis. Que as NT de modo algum iriam abandonar.
As negociações «foram improfícuas, tentadas plataformas várias, batendo-se sempre em falso». Refere o Livro da Unidade que «começou a odisseia dos civis, sentindo-se abandonados e entregues à sorte do querer da FNLA, convencidos que as NT os abandonariam», mas «assim não aconteceu»
«Após uma reunião com Daniel Chipenda, obteve-se a permissão para o trânsito da quase totalidade dos civis», sublinha o Livro de Unidade, sem especificar razões para os que ficaram.

José Monteiro,
furriel da CCS

Furriel Monteiro, 65
anos em Paredes

O furriel miliciano Monteiro festejou 23 anos a 4 de Agosto de 1975, já em Luanda, no Grafanil. Ou, melhor dizendo, na Casa de Viana - que partilhou com o Neto e o Viegas.
José Augusto Guedes Monteiro foi furriel miliciano de Opera-
ções Especiais (Rangers) da CCS do BCAV. 8423. Natural de Vila Boa de Quires, em Marco de Canaveses, lá regressou a 8 de Setembro de 1975. Trabalhou nos Transportes Colectivos do Porto e, já aposentado, vive em Paredes. Para ele (com quem falámos há momentos) vai o nosso abraço de parabéns!
José Cordeiro,
1º. cabo do PELREC

Cordeiro, 1º. cabo PELREC,
65 anos em Porto de Mós

José Manuel de Jesus Cordeiro foi 1º. cabo atirador de Cavalaria do PELREC da CCS dos Cavaleiros do Norte.
Natural de Portela do Vale de Espinho, da freguesia de Arrimala, em Porto de Mós, este Cavaleiro do Norte vive lá perto - na aldeia de Bezerra, onde casou e fez família. Trabalhou na área da serração de maneira e agora exploração de inertes, em vésperas da aposentação. Hoje mesmo, dia 4 de Agosto de 2017, faz 65 anos e para lá e para ele (com quem falamos há momentos) vai o nosso abraço de parabéns!

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