CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 13 de junho de 2018

4 155 - O espírito solidário dos Cavaleiros do Norte, amigos para sempre!

O alferes José Alberto Almeida e a família Luz: o capitão Acácio Carreira
 da Luz, D. Violontina (sua esposa) e Marco Luz, que, ao tempo da jornada
africana do Uíge angolano, tinha 2 anos e agora é Cavaleiro do Norte por
 afinidade e afecto, aqui no encontro de Santarém, a 9 de Junho de 2018
O capitão Acácio Luz na sua intervenção no encontro de
2018, da CCS do BCAV,  8423 e em Santarém, com Car-
los Alberto Ferreira (o organizador, que no Quitexe foi
cozinheiro do refeitório dos praças) e Humberto Mora
Zambujo (das transmissões)

O capitão Acácio Carreira da Luz foi chefe de secretaria e oficial de recursos humanos do BCAV. 8423, tendo, nessa qualidade, «confirmado o conceito em que era já do antecedente tido». Isto é, e citando o louvor do comandante Almei-
da e Brito, «qualidades militares e cívi-
cas que o cotaram como o desejado auxiliar do comando que serviu».
«Disciplinado, de lealdade e correcção inexcedíveis, de elevadas qualidades
Cavaleiros do Norte em Santarém: Joaquim Moreira (que
será o organizador do encontro de 2019), 1ºs. cabos Alfre-
do Coelho (Buraquinho) e Miguel Teixeira e o clarim
José António Caetano no encontro de Santarém
militares, de total dedicação pelo serviço, dotado de excelente educação e civismo (...), demonstrou qualidades que o credi-
tam como excelente oficial, que de igual modo o tornaram considerado pelos ca-
maradas e estimado pelos subordina-
dos», acrescenta o louvor do coman-
dante do BCAV. 8423.
O então tenente, agora aposentado ca-
pitão Luz é, aos 89 anos, o Cavaleiro do Norte Maior do BCAV. 8423 e, notoria-
mente, personalidade admirada e amada pelos hoje sexagenários, então irreve-
rentes e quitexanos jovens combatentes, rapazes da CCS do BCAV. 8423. Que lhe têm afecto, admiram a clarividência e vitalidade, que dele «exigem» pre-
sença permanente nas jornadas de saudade que, ano atrás de ano, nos levam aos tempos do saudoso Quitexe.
- Cavaleiros do Norte (CN): Capitão Luz, como é que olha estes encontros da CCS, quase 43 anos depois do nosso regresso de Angola? 
- Acácio Luz (AL): O convívio dos Cavaleiros do Norte é, para mim, um conví-
vio muito, muito especial. Dos vários que tive desta natureza, este foi sempre ficando e é agora o único que sustento.
CN: Certamente, tem boas razões para que isso aconteça...
AL: Seguramente, não há quaisquer dúvidas, e não será apenas pelo facto de ser a última das três comissões que fiz no ultramar, embora, já por esse moti-
vo, haja alguma razão para tal. São todos, somos todos uma grande família que, nesse saudoso tempo, sentia bem o peso da saudade e das responsabi-
lidades que, por esse tempo, nos tornaram mais companheiros e solidários».
Oficiais do BCAV. 8434, na messe do Quitexe: os
alferes milicianos António Garcia (falecido a 2 de
Novembro de 1979), capitão médico Manuel Leal
(que a 3 de Outubro fará 90 anos) e o tenente Luz,
agora capitão aposentado, de 89 anos!

Tenente, aos 45 anos!,
capitão e 44 anos depois!

CN: Lembra-se desse tempo de mobilização? Quem era o então tenente Luz?
AL: Eu tinha 45 anos quando fui para o Quitexe e já tinha 4 filhos, os que hoje tenho. O mais novo tinha então 2 anos. Então, não é difícil perceber que, em tais circunstâncias, tão longe de casa e da família, sentia bem o peso das
Os «mais «velhos» do BCAV. 8423: os
capitães Manuel Leal (médico) e o tenente
Acácio Luz (agora capitão): respectiva-
mente com quase 90 (em Outubro pró-
ximo) e 89 anos (feitos em Março)
responsabilidades, as saudades..., os riscos que se corriam, por aí fora...
CN: Foram tempos difíceis, preocupantes...
AL: É evidente que foram. Mas percebia bem que, à minha volta, todos sentiam o mesmo, as mesmas incertezas do dia seguinte, pois todos comungáva-
mos as mesmas dúvidas, as mesmas saudades... e bebíamos da mesma solidariedade, que se sentia e desenvolvia, muito viva e empenhada.
CN: O que criou um espírito mais solidário, mais 
A neta e nora do capitão
Luz já são da família dos
Cavaleiros do Norte
partilhado e maior, mais vivo, dizemos nós..., afinal, cor-
ríamos todos os mesmos perigos!
AL: Um espírito de grande solidariedade, é verdade, e de franca amizade entre todos, de lealdade e afecto, tudo isso agora (re)alimentado pelos encontros/convívios que todos os anos temos realizado e que justificam o facto de nos sentirmos felizes, aqui e agora... Devo dizer, aliás, que ao longo da minha vida, se me senti muito feliz na sociedade onde me inseri, devo-o exactamente à forte convivência que sempre mantive no seio da profissão ou da sociedade civil, dando algo de mim aos outros, com a vontade que, neste aspecto, me é peculiar.
CN: Como é que julga ser visto e apreciado pelos então jovens Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, no Quitexe e em Carmona?
AL: Notei sempre, no nosso Batalhão, uma grande simpatia da parte da maio-
ria do pessoal, todos foram de grande correcção para comigo e de excelente educação, e isso conta muito.
CN: Por lá, pelo saudoso Quitexe, ora pelo BC12 de Carmona, tinha certamente gente mais próxima. Quem é que pode e quer  lembrar?
AL: Na verdade, as minhas funções como chefe da secretaria do Comando do Batalhão não se prestavam muito a ter uma convivência mais próxima com a maior parte do pessoal, visto que só tinha como colaboradores próximos, na secretaria, o sargento ajudante Luís Machado (que já faleceu) e os 1ºs. cabos Jorge Pinho (que também já faleceu há muito tempo) e José Esteves, que mora lá para os lados de Viseu. Mas folheei muitas e muitas dezenas de vezes os no-
mes de todos os camaradas do Batalhão, sabia os seus nomes de cor, as suas especialidades, de onde eram naturais ou onde viviam, as situações diárias de cada um, os serviços, as nomeações, as férias, os louvores «à ordem...», os castigos, as doenças, as rotações...
Avenida do Quitexe: os alferes Jaime Garcia
e António Garcia e os tenentes Acácio Luz e
João Mora (falecido a 21/04/1993)
CN: Ligava os nomes às pessoas? Conhecia to-
dos eles, das 4 companhias? Identificava-os?
AL: Não me era muito difícil essa ligação, nesse tempo tão saudoso e histórico das nossas vidas e de Portugal, mas hoje, como a memória não é de ferro, as coisas, os pormenores vão-se esba-
tendo, até que se reduzem a muito pouco.
CN: Quem melhor lembra, nos dias de hoje?
AL: Esse tempo de há 43 para 44 anos dá-se-me por ter gerado e cimentado amizades que muito prezo, amizade a todos estes rapazes, que me tratam com tanto carinho e tanto afecto, que me lisonjeiam e m´emocionam. Talvez pela força de convivência e contactos mais frequentes, tenho de citar os meus amigos alferes Alegria de Almeida e o nosso furriel Viegas. Mas a todos, mesmo a todos e sem qualquer excepção, considero meus amigos para sempre.
CN: Para o ano cá estaremos..., lá estaremos em Penafiel!
AL: Faço esses votos, votos para que daqui a um ano nos voltemos a encon-
trar. Desejo tudo de bom para todos, até lá e para as vossas famílias e amigos.
- NOTA: Conversa «produzida» a partir da intervenção do capitão
Acácio Luz, no encontro de 9 de Junho de 2018, em Santarém.

Baptista de Zalala, 66
anos em Ponte de Lima!
- Cavaleiro louvado pelo comandante Almeida e Brito 

O 1º. cabo Baptista, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Zalala, festeja 66 anos a 14 de Junho de 2018, em Ponte de Lima.
Joaquim Fernandes Baptista, é dele que falamos, foi louvado pelo comandante do BCAV. 8423, o tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, por proposta do ca-
pitão Davide Castro Dias, comandante da 1ª. CCAV. 8433, «pelo sentido de res-
ponsabilidade posto no cumprimento das suas obrigações militares».
«Sempre demonstrou o maior espírito de sacrifício e dedicação, com o que se tornou exemplo para os seus camaradas», sublinha o louvor, referindo tam-
bém que «muito contribuiu para o total cumprimento das missões solicitadas à sua subunidade, o que, além de se classificar como militar exemplo, ainda se creditou com muito bom e apreciado colaborador dos seus superiores»
Natural do lugar de Vinha Nova, freguesia de Beiral, no concelho de Ponte de Lima, lá voltou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão de serviço no norte de Angola. Mais não sabemos dele, mas, para onde quer que esteja, para lá vai o nosso abraço de parabéns!

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