CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 4 de maio de 2020

5 047 - Uíge, terra da FNLA, a bem ou a mal. Luanda com 500 mortos!

A mítica Rua do Comércio, na cidade de Carmona, em imagem de 25 de Setembro de 2019. Este espaço
público uíjano foi palco de várias escaramuças que obrigaram a intervenções másculas dos Cavaleiros
do Norte do BCAV. 8423 nos difíceis tempos de Maio e Junho de 1975. Ainda que muito incompreendidos
pela comunidade civil europeia. E menos ainda pelos movimentos angolanos
Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, todos milicianos e nas
 piscinas de Carmona: alferes João Machado (atrás) e furriéis
 José Melo, António Guedes e Carlos Letras 


Os Cavaleiros do Norte continuavam, a 4 de Maio de 1974, os «exercícios da Instrução Operacional» na Mata do Soares, arredores do Campo Militar de Santa Margarida. 
Era um sábado e, de Lisboa, soube-se que um grupo de soldados se recusara a partir para Angola, para uma comissão em Cabinda.  Pertenciam à Companhia de Caçadores 45/20 e, na véspera, assumiram a palavra de ordem: «Nem mais um embarque». Seriam, 10, seriam 52?! Parece que 10, segundo a Cova da Moura. E o próprio general António Spínola estava na Base Aérea nº. 1, na Portela, por se tratar do primeiro embarque de tropas para Angola, depois do 25 de Abril. Vários deles, apresentaram-se pouco depois.
Combatentes da FNLA em Carmona. O movimento de
Holden Roberto considerava-se «dono» do Uíge e
 não aceitava outros - o MPLA e a UNITA

Uíge, a bem ou a mal,
terá de ser terra da FNLA

Um ano depois, em Carmona e considerando que «o Uíge, a bem ou mal, terá de ser terra da FNLA», este movimento, e cito do livro «História da Unidade», não aceitava bem «qualquer outra opção política no seu solo». 
Obviamente, disso resultavam «permanentes quezílias entre movimentos, as quais dia a ia vão tendendo a aumentar, complicando, e de que maneira, a missão arbitral que era atribuída às Forças Armadas Portuguesas».
As ruas da cidade eram patrulhadas a toda a hora e respirava-se um ar tenso, de insegurança e de medos. A tropa portuguesa operacional tinha dias e dias de serviços continuados, sem descanso. Mesmo que insultada pela comunidade europeia. Principalmente por esta, havendo excepções.
Notícia do Diário de
Lisboa de 05/05/1975

500 cadáveres na
morgue de Luanda

Piores iam as coisas por Luanda, onde «centenas de refugiados estão abrigados em liceus e estabelecimentos de ensino superior, onde foram organizados centros de socorro»
O 4 de Maio de 1975 foi um domingo e a Força Aérea Portuguesa, por sua vez, estava «a transportar para Luanda alimentos provenientes de outras regiões de Angola».
Até esse dia 4 de Maio de 1975, e cito o Diário de Lisboa do dia seguinte (imagem ao lado), «tinham entrado 500 cadáveres na morgue» da cidade de Luanda. Mas julgava-se, ainda segundo o mesmo jornal, que «o número total de vítimas dos últimos acontecimentos deve elevar-se a cerca de um milhar». 
O 1º. cabo Alberto Marques
em Angola (1974/1975)
Alberto Marques
na actualidade

Marques, 1º. cabo cripto,
68 anos em VN de Gaia !

O 1º. cabo Alberto Joaquim de Oliveira Marques, da 2ª. CCAV. 8423, a da uíjana vila de Aldeia Viçosa, festeja 68 anos a 5 de Maio de 2020.
Cavaleiro do Norte com a especialidade de operador-cripto, passou também pela cidade de Carmona (agora Uíge) e regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975,  no final da sua jornada angolana. Fixou-se em Mafamude, freguesia do município de Vila Nova de Gaia. Por lá fez a vida e lá mora, agora na Urbano de Moura, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

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