CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 10 de maio de 2020

5 053 - O último dia da IAO em Santa Margarida, a preparar para... Angola!

Cavaleiros do Norte no Quitexe, em Setembro 1974. Há precisamente 46 anos, a 10 de  
de Maio e 1974 e em Santa Margarida (RC4), acabavam a Instrução Altamente Operacional 
(IAO) na conhecida Mata do Soares, a poucos dias da marcha para Angola
A última Bandeira de Portugal em Zalala, guardada pelo
 capitão miliciano Castro Dias, comandante da 1ª. CCAV.
8423, que lá foi a última guarnição de Portugal. Aqui, e
em 2020, ladeado dos furriéis milicianos Ribeiro e Branco,
da 1ª. CCAÇ. 4211 (nossa antecessora), à esquerda 

e Viegas (da CCS), à direita

A sexta-feira de 10 de Maio de 1974, hoje se passam 46 anos, foi o último dos 10 dias da Instrução Altamente Operacional (IAO) dos futuros Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. 
 «operação» decorreu a partir do Destacamento do RC4, no Campo Militar de Santa Margarida, «já com total autononia das Companhias», todas comandadas por capitães - a CCS do SGE António Martins de Oliveira, que viria a ser a do Quitexe) e as operacionais lideradas pelos então ainda tenentes milicianos Castro Dias (1ª. CCAV., a de Zalala), José Manuel Cruz (2ª. CCAV. a de Aldeia Viçosa) e José Paulo Fernandes (a 3ª. CCAV., a de Santa Isabel).
O objectivo era, de acordo cm o livro História da Unidade», «pô-las a viver à semelhança, embora ténue, daquilo que iria ser a sua vida no ultramar».
O nosso destino, já há muito se sabia, era Angola e este último dia da IAO foi tempo para os futuros Cavaleiros do Norte viajarem para as suas casas, para a última visita às famílias - numa espécie de segunda Licença de Normas. A primeira e a oficial, fora de 18 a 28 de Março.
Marco geodésico da Mata do Soares, nos arre-
dores de Santa Margarida, onde há 46 anos
decorreu a IAO do BCAV. 8423

A preparação no RC4
para os combate de Angola !

A viagem da CCS para Angola estava marcada para 27 de Maio (afinal, adiada para dois dias depois, a 29) e estavam «mortas» as (in)fundadas esperanças de já não irmos para a jornada africana - muito badalada, por esse tempo imediatamente pós-revolução. 
«A licença é um período de repouso dado a todos os que vão combater no ultramar (...), não é mais que um período de transição entre o soldado na prestação normal do serviço militar e aquele em que esse mesmo soldado ultima a sua preparação para o combate», era, sumariamente, a mensagem do comandante Almeida e Brito.
«Recorda-te de tudo o que pedimos sobre aprumo e atavio, pontualidade e vontade firme, dedicação e interesse, disciplina e respeito total», acrescentava o comandante na nota entregue aos soldados, lembrando também que «as exigências, ensinamentos e exemplos dos teus superiores são princípios que de tens de seguir, de compreender, pois são essas afirmações que te levarão a, como já um dia te disse, querer e saber e vencer».
Foi neste clima, reporto do livro «HdU», que o BCAV. 8423 «se preparou para desembarcar em Angola, para rumar ao subsector que lhe foi destinado e no qual irá procurar a «querer e saber vencer» cumprir a sua missão»
Ainda não sabíamos que o Quitexe seria o nosso destino angolano. E Zalala! E Aldeia Viçosa. E Santa Isabel. E outros chãos africanos do norte de Angola.
Castro Dias, quartanista e fitado
de Geologia da Universidade
do Porto (em 1970, há 50 anos)
Castro Dias

Castro Dias, comandante 
Zalala, em festa de 74 anos !

O capitão miliciano Castro Dias, comandante da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda de Zalala, festeja 74 anos a 11 de Maio de 2020.
Davide de Oliveira Castro Dias era licenciado em Geologia (quartanista fitado em 1970) pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e foi louvado no final da jornada africana do Uíge angolano porque «sempre soube orientar a sua subunidade para o cumprimento das missões que lhe foram confiadas, muito embora nem sempre em condições favoráveis, quer devido ao isolamento inicial em que a Companhia viveu, quer depois devido a ter transitado para zonas particularmente delicadas».
 O louvor foi publicado na Ordem de Serviço nº. 174 do BCAV 8423 e sublinha que «foi zelador do cumprimento do processo de descolonização», para além de ser «disciplinado, de lealdade vincada» e de «não olhar a esforços para tornear as dificuldades logísticas por vezes vividas».
Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e fez vida profissional na área do ensino, de que já está aposentado, e também como dirigente sindical. Parabéns nestas suas natais bodas de macieira!

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