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O ex-furriel Viegas na ilha e com a cidade de Luanda ao fundo, a 9 de Outubro de 2019, quando lá voltou em visita de saudades e de memória da jornada africana do Uíge de 1974/1975
| A redescoberta de Angola foi tema de uma reportagem de 6 páginas (aqui, as 2 primeiras) do suplemente «B.i», do jornal «Sol», semanário nacional de Lisboa. Em baixo, as páginas 3 e 4 |
A 8 de Setembro de 1975 de já lá vão 47 anos e por esta hora de escrita, voavam os Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423 pelos céus de África, a caminho de Lisboa, galgando os mais cerca de 5800 quilómetros de viagem aérea que separa as duas capitais. Luanda, que ainda vimos do ar durante alguns minutos, sobrevoando a baía e olhando o Mussúlo e a enorme metrópole urbana que era a capital angolana... - enquanto o Boeing 737 dos TAM apontava rumo à Europa e às nossas berças -, Luanda ficava para trás, com os seus mistérios e as suas dores, em ambiente hostilizado pela guerra que (ainda) levaria anos e anos a matar, até que ela própria morreu.A viagem, de mais ou menos 8 horas, dava (e deu) para chegar ao fim da tarde a Lisboa, onde nos esperava o Benício, motorista da fábrica do pai do Neto. Ele nos traria para Águeda e lá estava! Foram horas, as de viagem, horas de dar corda à imaginação e à emoção. | |
A chegada a casa
de... surpresa !
Saíra eu de casa, meses depois da morte de meu pai, e a ela regressava sem dizer que chegava. Ia aparecer de surpresa e dela (da surpresa) tinha cuidado bem guardar, por exemplo através do Neto, pedindo à mãe que à minha nada dissesse, se se encontrassem no mercado de Águeda, o de 6 de Setembro (que era sábado).
Só tinham passado 15 meses desde que saíramos de Lisboa, mas pelas nossas vida tinha passado um mar de coisas, no turbilhão da vida que então mudou Portugal. E a minha mãe? As minhas irmãs e cunhados?! E os meus sobrinhos?! Já tinha três e só conhecia a Susana e o Zé Fernando, ambos meus afilhados. A Marta nascera dias antes, a 10 de Agosto! E os vizinhos? E os amigos? E Portugal?O céu de Lisboa deixou-se rasgar pelo Boeing 737 dos TAM e os perto de 200 passageiros desceram, todos estranhando a leveza do sol, a diferença de cheiros, a forma como os militares se apresentavam e as pessoas andavam. Também nós chegávamos a um país novo e já lá vão 47 anos!
Angola ficava para trás dos nossos destinos. Mas lá voltei em 2019, para «matar» saudades e avivar memórias!
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