CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 29 de abril de 2014

2 014 - Adeus às férias e incidentes em Luanda

Cartaz com os três presidentes: Holden (FNLA), 
Savimbi (UNITA) e Neto (MPLA). O Hotel Katekero (em baixo) 


A 29 de Abril de 1975, comigo e o Cruz prontos para o voo aéreo para Carmona, Jonas Savimbi reafirmava em Luanda, de arma pendurada no ombro e ladeado por dois seguranças armados, que era «imperativa a  cimeira entre os três movimentos de libertação angolanos, antes de ser demasiado tarde». A iminência de uma guerra civil, para ele, era «uma impossibilidade prática», visto, como frisou, «cada um dos movimentos saber que, de desencadeasse uma guerra civil, teria de enfrentar os outros dois movimentos». Além disso, «nenhum dos vizinhos está interessado nisso».
As forças militares dos três movimentos de libertação disse Jonas Savimbi, deveriam, ficar integrados «numa força verdadeiramente nacional», o mais depressa possível. E nem precisaria de ser um grande exército, «visto não precisarmos de um exército desse género». As intenções pareciam boas, mas sabemos agora que não seria bem assim.
Rosa Coutinho, antigo Alto Comissário, citado pela jugoslava Tanjug, punha achas para a fogueira, denunciando «a influência estrangeira em Angola». «Todos os dias - disse o almirante - um movimento recebe assistência do vizinho Zaire». Referia-se, obviamente, à FNLA - presidida por Holden Roberto, cunhado de Mobutu.
«Trata-se de uma ingerência directa nos assuntos de Angola, o que dificulta o processo de descolonização. Se podemos dizer que há dois movimentos de libertação que se comportam como tal, existe um que se comporta como movimento invasionista, constituindo a ponta de lança do Zaire", disse Rosa Coutinho. Referia-se à FNLA. 
Luanda a 29 de Abril de 1975, continuava com recolher obrigatório e as noites, vistas do alto do Katekero, eram uma panóplia de fogo de guerra. Morteiros rasgavam os seus céus e faziam lutos e dores onde caíam. O tiroteio era indiscriminado, ouvíamo-lo de dentro do Katekero, soando lá de longe - sem se saber de quem e contra quem era. À boca fechada, falava-se por Luanda que estaria para descarregar um barco jugoslavo, atracado no porto e supostamente com armamento para o MPLA
Ao fim da tarde do dia 29, numa reunião da Comissão Nacional de Defesa, Johnny Eduardo, Primeiro-Ministro da FNLA e membro do Colégio Presidencial, declarou que «pedia desculpas por não poder assistir à reunião dado que a guerra recomeçara e que era hábito os dirigentes da FNLA, estarem junto das suas tropas nesta situação».
Cito Rubellus Pertinnus: «Acabou por permanecer, desferindo ataques cerrados aos dirigentes do MPLA que estavam presentes e responsabilizando-os pelo que estava a acontecer e que, aparentemente, não tinha explicação plausível. Lopo do Nascimento, Primeiro-Ministro do MPLA e membro do Colégio Presidencial tinha sido substituído pelo secretário de estado do Interior, Dr. Henrique Santos (Onambwé de seu nome de guerra), que se limitou a afirmar que «o tiroteio se generalizou sem que alguém possa precisar a sua causa e origem; acrescentou ter ouvido tiros um pouco por toda a parte incluindo o disparo de morteiros, em especial nos bairros Prenda e Operário, que se as populações, mulheres e crianças se lançaram contra a caserna do ELNA no Operário, por suporem que era dali que tinham partido os tiros de morteiro". (...)».
A reunião foi às 126 horas, quando eu e o Cruz já nos preparávamos para voar para Carmona. Não chegaríamos lá. Ver AQUI

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