CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

3 217 - Cavaleiros num país sem Governo e com espectro da fome

Cavaleiros do Norte Neto (à direita) e Viegas (a seguir), com dois conterrâneos 
de Águeda, na casa de Viana, a 10 de Agosto de 1975: o Carlos
 Sucena (à esquerda) e o Gilberto Marques (de pé) 

«O Governo de Angola não funciomna»,
disse Vasco Vieira de Almeida, o ministro
da Economia. A imagem e da primeira
página do Diário de Lisboa de 11 de
Agosto de 1975. Há 40 anos!


A 10 de Agosto de 1975 juntaram-se na casa de Viana 4 amigos de Águeda: os Cavaleiros do Norte Neto e Viegas, o Carlos Sucena (também militar) e Gilberto Marques - o civil que nos cedeu a magnífica residência onde «aquartelámos» com o José Monteiro - o outro furriel miliciano «Ranger» -, até à véspera do regresso a Portugal.
A ementa, pelo que se vê, passou por marisco e cerveja, tudo bem aviado e em ambiente bem-disposto. No Grafanil, por ser domingo, boa parte dos Cavaleiros do Norte foram dispensados de serviços e muitos deles não desperdiçaram a oportunidade para uma saltada à cidade e às praias.
A cidade continuava em «pé de guerra» e os ministros da FNLA foram evacuados pela tropa portuguesa. «As violentas confrontações de sábado decorreram na maior parte na zona que se estende por detrás do Palácio do Governador e que, seguindo a denúncia do MPLA, tinha sido transformado pela FNLA num campo armado», reportava o Diário de Lisboa.
Especulava-se, por essa altura, que as autoridades portuguesas queriam «tirar da capital as tropas dos três movimentos e declararem Luanda como zona desmilitarizada». Ao tempo, recordemos, o MPLA controlava a capital, depois da saída da FNLA e da UNITA.
O português Vasco Vieira de Almeida, membro do Governo de Transição, admitia «não saber ainda se a acção envolvendo a evacuação dos ministros da FNLA (...) significaria a queda do Governo de Transição» - de que ele era Ministro da Economia. Uma certeza havia, como relatava o Diário de Lisboa: «Paira sobre Luanda o espectro da fome. Começa a rarear os combustíveis e a comida não tem chegado em reabastecimentos». Vasco Vieira de Almeida admitia mesmo que «um auxílio internacional talvez fosse preciso, para evitar que a sacrificada capital fosse assolada pela fome».
Era neste quadro que os Cavaleiros do Norte cumpriam as últimas semanas da sua jornada africana de Angola.
Ao tempo, eu não sabia mas, noutra Viana (a do Castelo, no Minho do Portugal Europeu), nesse mesmo dia fui tio pela terceira vez: nasceu a Marta, filha de minha irmã mas velha, a Ana Maria. Que, por tal, hoje mesmo faz 40 anos! A Marta!!!

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