Parada do BC12, nos últimos tempos dos Cavaleiros do Norte em Carmona, capital do Uíge angolano |
Comando de Sector do Uíge, onde também funcionou a Zona Militar Norte, na praça principal de Carmona |
Agosto de 1975, dia 1! É 6ª.-feira e o dia da rotação para Luanda está cada vez mas próximo! Será no domingo seguinte e a comunidade civil de Carmona (e do Uíge, no geral) «conhecedora do movimento das NT, insegura no seu dia a dia, descrente futuro e receosa de quaisquer represálias, resolveu-se pelo êxodo», como se lê no Livro da Unidade.
Muitos civis se aproximaram dos militares, pedindo apoio e socorro, transporte de bens e «trocando» isto por favores. A mim. por exemplo ofereceram-me cartas de condução e certificados de habilitações. O mesmo a muitos outros. E dinheiro, angolares - os escudos angolanos!
Ao mesmo tempo, e cito o Diário de Lisboa desse dia, «à guerra total anunciada pela FNLA de Holden Roberto, vem respondendo o MPLA com a resistência popular generalizada». Um comunicado do Estado Maior General das Forças Armadas, em Lisboa - que passou a controlar as noticías sobre Angola - dava conta de «acções de fogo a norte do Caxito (a caminho do Uige) e em Malanje, Luso, Quimbala, Gabela, Cacuso, Duque de Bragança, Porto Amboim e Novo Redondo». Aqui, e continuamos a citar o Diário de Lisboa, «granadas de bazuca atingiram uma traineira e uma lancha da Armada foi alvo de figo de bazuca e de canhões sem recuo».
A FNLA, em Nova Lisboa (actual Huambo) atacou um posto da PSP e deteve o comandante, o capitão Faria. «Montou um dispositivo de grade aparato, para retirar material de guerra diverso», disse este oficial do Exército.
Notícia do Diário de Lisboa de 1 de Agosto de 1975, sobre o assalto da FNLA ao posto da PSP de Nova Lisboa - actual Huambo |
A situação era grave, de tal forma que, nesse mesmo dia 1 de Agosto de 1975, a Organização de Unidade Africana (OUA), reunida em Kampala, no Quénia, decidiu «enviar imediatamente uma comissão a Angola para actuar como medianeira entre os três movimentos de libertação em disputa». A hipótese de a mesma OUA mandar uma força de intervenção, sugerida por Idi Amin (presidente do Uganda), foi rejeitada por MPLA, FNLA e UNITA. A mesma OUA que, também nessa data, se recusou a receber Luís Ranque Franque, presidente da FLEC - que reivindicava a independência do Enclave de Cabinda. Era, porém, apoiada, por Idi Amin.
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