António Cabrita e Manuel Marques, o Carpinteiro (falecido, subitamente, a 1
de Novembro de 2011, em Esmoriz, com outro Cavaleiro do
Norte (à direita) e
um angolano (a beber), talvez também militar
de Novembro de 2011, em Esmoriz, com outro Cavaleiro do
Norte (à direita) e
um angolano (a beber), talvez também militar
Andavam os dias de Agosto a chegar aos seus cabeceiros de 1975 e os Cavaleiros do Norte a acabar a sua jornada africana de Angola. Que, oficialmente, terminaria a 30/31 (?), para «corresponder aos compromissos tomados com os movimentos de Libertação». Faltava saber o dia do regresso a Portugal e aos chãos das nossas terras e gentes!
A guerra continuava, um pouco por toda a Angola que se aprestava a nascer como nação independente: «As unidades militares do MPLA, controlando uma importante parte do território angolano, empenham-se agora em organizar a normalização da vida e em edificar o poder popular nas áreas libertadas».
Luanda não tinha dia em que não se ouvisse o metralhar das armas, ligeiras e pesadas - principalmente nos bairros populares, mas também nas áreas mais urbanas, a cidade branca, chamemos-lhe assim. Era um fogo de dúvidas e de medos que se vivia, muito embora, estranhamente, se circulasse na cidade no maior dos sossegos. Isto, no que diz respeito aos Cavaleiros do Norte. Por outros, e outra gente (nomeadamente a civil), não podemos falar. Por mim, passava o mais que podia pelo aeroporto, onde milhares e milhares de pessoas aguardavam a «fuga» aérea para Lisboa.
Correio de minha mãe voltava a procurar saber de nossos conterrâneos, que faziam vida por Angola e de quem nada se sabia. E eram muitos! Várias dezenas! Várias vezes cheguei a ir à Emissora Oficial de Angola, que tinha um programa de (des)aparecidos, várias vezes repetido ao longo do dia e ajudando a localizar famílias das quais se tinha perdido contacto. Por uma qualquer razão! Não fui afortunado.
A 26 de Agosto, ontem se fizeram 40 anos, alguns jornalistas visitaram o Forte de S. Pedro da Barra - onde 600 «fnla´s» tinha resistido várias semanas e onde puderam (os jornalistas) «verificar horrores que atingem limites do suportável».
O Diário de Lisboa, que citamos, dá conta que «a três quilómetros do forte, junto a uma falésia sobre o mar, os jornalistas descobriram uma vala comum cheia de cadáveres em adiantado estado de decomposição e juncada de despojos humanos». Acrescentava o vespertino que «outros corpos, empilhados em outras valas, não puderam ainda ser exumados, visto a FNLA ter minado o terreno».
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