A capela católica do Campo Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda. Foto de Jorge Oliveira (1973) |
O MPLA foi convidado a retirar de Luanda, há precisamente 40 anos para ali criar uma zona de paz, que permitisse a recepção de refugiados em melhores condições |
A falta de alimentos era dramática por estes dias de Agosto de 1975, em Luanda. As bichas eram enormes, às portas dos restaurantes - que apenas serviam parte dos clientes. A rede de reabastecimentos não funcionava. Ou funcionava mal.
As bichas eram idênticas nos postos de abastecimento de combustíveis e às portas dos bancos, onde centenas (ou milhares) de pessoas tentativa levantar dinheiro. O ministro Saidy Mingas (das Finanças) tinha decretado o condicionamento de saques, para «evitar a fuga de capital».
Confirmava-se a notícia de que o MPLA tinha sido contactado no sentido de «retirar de Luanda, com o intuito de ali criar uma zona de paz, que permitisse a recepção de refugiados em melhores condições».
A ideia era simpática, mas o movimento de Agostinho Neto não foi na «conversa», opondo-se e alegando que «os outros movimentos continuam a dominar várias cidades do país, sem que a sua retirada tenha ainda sido exigida».
No Lobito, travavam-se combates desde as 5 horas da manhã e «as últimas informações indicavam que o resultado da luta parecia tender para o o lado das forças da FNLA e da UNITA», que combatiam o MPLA. A cidade estava «virtualmente paralisada, sem abastecimento de água e de luz».
Em Nova Lisboa, continuava «a retirada de 30 000 refugiados portugueses, completando-se também a evacuação dos membros das FAPLA, bem como cerca de 2000 militantes do MPLA». Um deles era o ministro Manuel Rui, que seguiu para Luanda. Outros, para Benguela, onde «após violentos combates entre o MPLA e a UNITA, o primeiro destes movimentos ficou em inteira posse da cidade».
Em Kinshasa, Luís Ranque Franque, presidente da FLEC - que tinha declarado a independência do Enclave a 1 de Agosto - nomeou um governo no exílio, formado por 17 elementos. Um mês antes, um Governo Revolucionário tinha sido anunciado por Nzita Henriques Tiago, que era vice-presidente da mesma FLEC. Não foi reconhecido por Luís Ranque Franque e Cabinda nunca chegou a ser independente.
Um ano antes, o comandante Carlos Almeida e Brito esteve no Comando do Sector do Uíge, em Carmona, para contactos operacionais, e «fizeram-se remodelações temporárias do dispositivo, com vista a garantir a eficiência das actuais missões primárias das NT»: a segurança dos centros urbanos e a liberdade dos itinerários.
No mesmo dia 14 de Agosto de 1974, no Quitexe, reuniu a Comissão Local de Contra-Subversão - repetindo as de 1 e 9 e antecedendo as de 21 e 29 de Agosto. Continuavam os arranjos da rede estradal, executados pela JAEA e com protecção de escoltas militares.
Sem comentários:
Enviar um comentário