Cavaleiros do Norte. Um grupo de furriéis milicianos da 3ª. CCAV. 8423, a de
Santa Isabel: José Querido, Victor Guedes (falecido a 16 de Abril de 1998, de
doença), António Fernandes, Agostinho Belo e Ângelo Rabiço
Diário de Lisboa de 16 de Agosto de 1975, A primeira página, com a notícia do (iminente) ataque aéreo da FNLA a Luanbda |
A 16 de Agosto de 1975, um sábado, Luanda fervilhava de boatos. Nada simpáticos, ou prometedores: a crer neles, a FNLA iria atacar a capital, envolvendo meios aéreos.
O dia, por mim e pelo Neto, foi passado na ilha, com jantar marcado com o conterrâneo Albano Resende. Iríamos (e fomos) ao bacalhau do Vilela, no bairro da Cuca, mas antes passámos pelo restaurante onde trabalhava outro conterrâneo, o Neca Reis (Taipeiro) - que estava extremamente preocupado, ele que já tinha«fugido» de Úcua, quando por lá as «coisas» se precipitaram. Com a mulher e a filha.
As «notícias» davam conta que a FNLA preparava o ataque a partir do norte e que, na base aérea do Negage, já estariam vários aviões de combate os caça-bombardeiros Mirage. E alguns Skymaster, que transportariam material de guerra. Tudo para apoiar as suas forças terrestres que, há semanas, se encontravam no Caxito, a poucos quilómetros de Luanda.
A base, recordemos, tinha sido abandonada a 4 de Agosto, o dia em que todas as guarnições militares portuguesas abandonaram o Uíge, na coluna dos Cavaleiros do Norte.
Luanda era, todavia, uma cidade estranhamente calma - num tempo em que a população, no geral, era também estranhamente indiferente aos incidentes com armas de guerra que se repetiam. O mesmo acontecia no restante território. «Os confrontos armados que ainda decorrem caracterizam-se por uma possível vitória do MPLA na cidade do Lobito, depois de já ter assegurado o controlo de Benguela», noticiava o Diário de Lisboa desse dia de há 40 anos.
Um comunicado do MPLA, de 14 de Agosto, referia que «ao ataque traiçoeiro da UNITA/UPA/FNLA, perpretado na madrugada de ontem, tentando destruir o MPLA e as FAPLA, estas responderam com violência revolucionária, derrotando os inimigos do povo». Sublinhava o documento que «a partir de hoje, a gloriosa bandeira do MPLA flutua no quartel general da UNITA. O ELNA/UPA/FNLA foi destroçado e a respectiva delegação ocupada pela braço armado do povo angolano - as FAPLA».
Tal vitória, porém, não era confirmada pelas autoridades portuguesas.
Da «nossa» Carmona, a 30 e poucos quilómetros da base do Negage, nada se sabia, para além de relatos avulsos. Sabia-se, porém, que a FNLA impedia a remessa, para Luanda. de fundos das agências bancárias - o que levou (como ontem vimos) o ministro Saidy Mingas a «nacionalizar» a banca.
Sem comentários:
Enviar um comentário