CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

3 659 - Cavaleiros em dias de incerteza e passeios às Quedas!


Grupo de excursionistas da 3ª. CCAV. 8423, em pose e a caminho das
 Quedas do Duque de Bragança. Reconhecem-se, à esquerda e destacado, o
 furriel Ângelo Rabiço (enfermeiro). Lá atrás, o também furriel José
 Querido (atirador). E os outros, quem os identifica?


O alferes João Machado, da 2ª. CCAV. 8423, junto
 da placa da vila (e Quedas)  Duque de Bragança

O mês de Fevereiro de 1975, há 42 anos e para os Cavaleiros do Norte do Batalhão de Cavalaria 8423 (o BCAV. 8423) que se aquartelavam em chão uíjano de Angola, «caracterizou-se pela incerteza do seu futuro destino», já que, como se lê no Livro da Unidade, «iria ser considerado a fazer parte das tropas de intervenção determinadas pelo Acordo do Alvor».
Quedas do Duque de Bragança
As guarnições do Quitexe (da CCS e da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel), de Aldeia Viçosa (2ª. CCAV. 843) e Vista Alegre / Ponte do Dange (1ª. CCAV. 8423, a de Zalala) andavam expectantes e mais expectantes ainda ficaram depois da tomada de posse do Governo de Transição, na véspera - dia 31 de Janeiro de 1975. 
«Pretendido pela Região Militar de Angola e solicitado pela Zona Militar Norte, manteve-se a expectativa de vir a ter responsabilidades de actuação em Luanda ou em Carmona», reporta o Livro da Unidade, acrescentando que «a situação só se definiu a 26 de Fevereiro, agora com a pressa de uma rápida e imediata mudança para o aquartelamento do BC12, em extinção, o que só se verificará a 2 de Março». 
A mudança justificou bastantes deslocações do comandante Carlos Almeida e Brito à ZMN, para «reuniões de trabalho» - o que, pelo menos, aconteceu nos dias 19, 20, 25, 26, 27 e 28 de Fevereiro, «algumas vezes acompanhado do oficial adjunto» - que era o capitão de Cavalaria José Paulo Falcão. 
Manuel Ruy Monteiro (MPLA),
 ministro da Informação do
Governo de Transição

Enterrado o
colonialismo

A posse do Governo de Transição, na véspera, foi também oportunidade para Manuel Rui Monteiro, ministro da Informação, afirmar que «está definitivamente enterrado o tempo em que, nas varandas dos Palácios Coloniais, erguidos com o trabalho forçado do nosso povo, os sorriso de ouro e os gestos de abastança procuravam disfarçar a fome, a usurpação e o genocídio».
Era precisamente da varanda do Palácio do Governador que falava, no final da tomada de posse e quando o Governo de Transição assomou à varanda e foi aclamado por milhares de angolanos, com bandeiras dos três partidos de libertação. O Governo de Transição e o Alto-Comissário português.
«A máscara do colonialismo caiu», disse Manuel Rui Monteiro, depois de ler a proclamação ao país, «constantemente interrompida com aplauso dos populares».
O furriel José Pires, da CCS, nas Quedas
do Duque de Bragança, em 1975

Passeios às Quedas às
Duque de Bragança

O ambiente tranquilo que se vivia na zona de acção dos Cavaleiros do Norte, muito por mérito da sua actividade operacional, apenas era quebrado, de quando em vez, por pequenas escaramuças entre militantes da FNLA e do MPLA - que normalmente as NT resolviam sem grandes dificuldades.
O tempo foi, até por isso e por acção da Acção Psicológica, para «passeios de fim-de-semana para alguns militares, nomeadamente a Malange, aproveitando-se para mostrar Duque de Bragança, Cacuso e Salazar, em alguns casos».
Bons tempos, os de Fevereiro de 1975, lá pelas bandas do Uíge angolano, onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. 

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