Castro Dias, o comandante da 1ª. CCAV. 8423 |
Zalala, a mais rude escola de guerra |
O capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias foi o comandante da 1ª. CCAV. 8423, a última unidade militar portuguesa da Fazenda Maria João, a de Zalala. E portador da Bandeira Portuguesa (a da imagem) que por ele mesmo ali foi arriada a 25 de Novembro de 1974.
Aqui deixamos, em discurso directo, as suas emoções desse histórico dia, o do fecho do quartel de Zalala no norte de Angola (...):
O
tempo decorreu e, meses depois, chegou a altura de sair de Zalala, fechando o
quartel. Tudo
foi acertado com os civis e o comando e na altura da rotação levámos tudo. Caixotes
e mais caixotes, documentos do comando, pertences pessoais, armamento,
viaturas, móveis e todo o recheio do quartel.
Também
recolhi uma imagem de Nossa Senhora de Fátima com cerca de 70 centímetros, com
terços e algumas mensagens, que colocada num pedestal, pequeno altar, servia de
local de culto, recolhimento, de colocação de ex-votos e pelo menos por uma
vez, de missa com o padre do Quitexe.
Reportagem da SIC sobre Nossa
Senhora de Fátima de Zalala
Revi a imagem no nicho, há dias (Janeiro de 2020), numa reportagem que a SIC transmitiu sobre a correspondência enviada à Senhora de Fátima ao longo dos anos. Nessa reportagem, foi entrevistado um militar que tinha estado em Zalala, numa Companhia anterior, que eu fui render, e entre as várias fotos que mostrou, aparecia pintada, ao longo da parede dos terreiros de secagem do café, a célebre frase «Zalala a mais rude escola de guerra”. Numa outra foto que mostrou, por ele estava a imagem da Senhora de Fátima no seu pequeno altar de Zalala.
A imagem de Nossa Senhora de Fátima da Fazenda de Zalala |
Senhora de Fátima de Zalala
Revi a imagem no nicho, há dias (Janeiro de 2020), numa reportagem que a SIC transmitiu sobre a correspondência enviada à Senhora de Fátima ao longo dos anos. Nessa reportagem, foi entrevistado um militar que tinha estado em Zalala, numa Companhia anterior, que eu fui render, e entre as várias fotos que mostrou, aparecia pintada, ao longo da parede dos terreiros de secagem do café, a célebre frase «Zalala a mais rude escola de guerra”. Numa outra foto que mostrou, por ele estava a imagem da Senhora de Fátima no seu pequeno altar de Zalala.
A
imagem foi entregue, em 1975, no Arciprestado de uma cidade da Beira Alta onde
o clérigo responsável era familiar da minha futura esposa. Presumo que ainda se
mantém com as referências que cuidadosamente anexei à imagem.
Trouxe
também a bandeira portuguesa que todos os dias era hasteada e retirada com
respeito e ritual militar.
A Bandeira Portuguesa de Zalala, que significava a nossa ocupação de centenas de
anos, a colonização. Foi,
simbolicamente, a retirada de Portugal desta parcela do norte de Angola - a
mais rude escola de guerra. Ainda hoje, quando relembro esse momento, sinto um
friozinho nas costas.
Eu,
o último capitão em Zalala, arriou-a do mastro com sentimentos miscigenados.
Ainda a mantenho.
Senti,
nesse momento, por um lado, o orgulho do fecho de 500 anos de
colonialismo e a entrega do território aos seus legítimos proprietários e, por
outro lado, o saudosismo e a tristeza inerente à entrega de terras que só com
esforço, dedicação e sacrifício de muitos portugueses, produziram riqueza e a
valorização dessas paragens.
Obviamente, riqueza extrema para uns poucos, intermédia para uns quantos, normalmente os
pequenos fazendeiros, os seus encarregados e os comerciantes, os «brancos».
Para todos os outros, a quase totalidade, que se deixavam seduzir por algum
ilusório e passageiro bem-estar, ficava o pouco dinheiro ganho, a fuba e o
peixe seco do contrato quase escravo. O rádio, a pilhas, os óculos escuros e por
vezes a bicicleta, completavam a miragem.
DAVIDE CASTRO DIAS
Martinho de Zalala,
68 anos em Andorra!
O soldado cozinheiro Martinho, da 1ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte de Fazenda de Zalala, festeja 68 anos a 15 de Fevereiro de 2020.
Júlio Manuel Tavares Martinho, é este o seu nome completo, é natural de Felgueira Velha, freguesia de Seixo da Beira, do serrano município de Oliveira do Hospital, e lá regressou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar em Angola. Sabemos, por informação do (furriel miliciano) João Dias (TRMS) que está emigrado em Andorra e para lá «cozinhamos» o nosso abraço de parabéns!
Martinho de Zalala,
68 anos em Andorra!
O soldado cozinheiro Martinho, da 1ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte de Fazenda de Zalala, festeja 68 anos a 15 de Fevereiro de 2020.
Júlio Manuel Tavares Martinho, é este o seu nome completo, é natural de Felgueira Velha, freguesia de Seixo da Beira, do serrano município de Oliveira do Hospital, e lá regressou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar em Angola. Sabemos, por informação do (furriel miliciano) João Dias (TRMS) que está emigrado em Andorra e para lá «cozinhamos» o nosso abraço de parabéns!
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