Os furriéis Ricardo, Viegas e Querido, de pé, e o José Rebelo, e Dezembro de 2019 |
A cidade de Carmona e todo o Uíge de há 45 anos fazia, por estes dias desse tempo, os lutos dos trágicos combates desencadeados na madrugada de Junho de 1975. Entre a FNLA e o MPLA.
Os graves incidentes de Luanda acabaram por repercutir-se também no Uíge - o último distrito minimamente em paz da imensa Angola... - e, refere o livro «História da Unidade», «transbordaram para as áreas limítrofes, primeiro e depois por todo o Quanza Norte, acabando por atingir Carmona».
O «grave conflito armado» atingiu todas as vilas do Uíge onde existiam forças da FNLA e do MPL e o «HdU» faz-nos recordar que «o incidente da Ponte do Dange serviu de espoleta, veio ao Uíge, primeiro em Carmona, para logo depois atingir o Negage e o Quitexe, em avalanche de gravíssimos confrontos entre o ELNA e as FAPLA».
Era o Uíge a ferro e fogo, em lutas fratricidas, sem tréguas, semeando a morte e os lutos de milhares de vidas perdidas, ceifadas pela guerra.
«A calma demonstrada, o sangue frio posto, o verdadeiro sentido de missão, o espírito de sacrifício mostrado são garantes da sua tenacidade e firme certeza de que nelas está imbuído o sentido de grandeza próprio do consciente desinteressado», refere o livro «História da Unidade», o BCAV. 8423, sobre os Cavaleiros do Norte e acrescentando que «cumpriram a nobre missão que lhe está sendo imposta no processo de descolonização».
Quarteto de furriéis milicianos da 3ª. CCAV. 8423, a de San- ta Isabel: Alcides Ricardo (que hoje festeja 68 anos em Lou- res), António Fernandes, Agostinho Belo e António Flora |
O necessário reforço
da guarnição de Carmona
A pequeníssima guarnição dos Cavaleiros do Norte tinha sido reforçada a 6 de Junho, com a 1ª. CCAV. 8423, chegada do Songo e indo «ocupar o aquartelamento da extinta ZMN».
Assim reforçada a guarnição da cidade, mais convictos estavam os Cavaleiros do Norte quanto à (evidentemente indesejada...) eventualidade de terem de «acorrer a situações semelhantes às vividas na primeira semana do mês». Assim elas surgissem.
Para tal, e como enfatiza o «HdU», «era imperioso obter em Carmona um efectivo que a elas permitisse acorrer». Assim foi e, com uma ou outra escaramuças, a verdade é que Carmona respirou mais tranquilidade - dada pelos permanentes patrulhamentos dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. Muito embora, se mantivesse o clima de tensão emocional e até desconfiança, neste caso principalmente latente da comunidade civil para com a guarnição militar. Mas eram os Cavaleiros do Norte que, em permanentes sacrifícios, «garantiam a certeza de movimentos» e a necessária «liberdade nos itinerários» nesses dramáticos tempos do Uíge de há 45 anos.
Assim, arriscando a vida e sem quaisquer medos, «cumpriram a nobre missão que lhe está sendo imposta no processo de descolonização».
Alcides Ricardo e Agostinho Belo furriéis milicianos de Santa Isabel |
Ricardo, furriel de Santa Isabel,
67 anos em Odivelas !
O furriel miliciano Alcides dos Santos da Fonseca Ricardo, da 3ª. CCAV. 8423, festeja 68 anos a 8 de Junho de 2020, em Loures.
Atirador de Cavalaria da Fazenda Santa Isabel, também jornadeou pela vila do Quitexe e cidade de Carmona, antes de voltar a Luanda e regressar a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, fixando-se na Quinta de Alvalade, em Lisboa - onde ao tempo já residia.
Natural de Paipenela, freguesia do concelho da Mêda, trabalhou na área laboratorial da saúde e, já aposentado, mora agora em Loures - onde acabámos de o «achar», via telefone, para combinarmos encontro próximo e festejar os seus magníficos 68 anos. Parabéns!
D. Guilherme |
Guilherme de Zalala, 67
anos em Santarém !
O atirador Domingos Maria Guilherme, da 1ª. CCAV. 8423, festeja 68 anos a 9 de Junho de 2020.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel, integrou o 4º. Grupo de Combate, que era comandado pelo alferes miliciano Lains dos Santos e com os também milicianos furriéis Rodrigues (falecido, de doença, a 30 de Agosto de 2019, em VN de Famalicão), Barata (falecido a 10 de Outubro de 1997, de doença e em Alcains) e José Louro. Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e fixou-se em Marvila, no centro histórico de Santarém, onde morava e onde ainda reside. Parabéns!
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