CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 6 de setembro de 2020

5 173 - «MPLA´s ameaçam furriéis da CCS. A internacionalização do conflito anglano!

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Cavaleiros do Norte no Quitexe, homens das Transmissões: 1º. cabo José Mendes, 
António Soares, furriel José Pires, 1º. cabo Luís Oliveira e José António Costa. Em baixo, 
NN (será José Orlando Silva?), Humberto Zambujo e 1º. cabo Jorge Salgueiro). À 
esquerda, vê-se a torre da Igreja da vila

Os furriéis milicianos Neto, Viegas e Monteiro, «Rangers»
da CCS do BCAV. 8423. Aqui, na Rua de Baixo, a
Avenida do Quitexe e em 1974

Os primeiros dias de Setembro de 1975 iam-se passando e, com eles, estava cada vez mais próxima a mágica 2ª.-feira, 8!!! Dia 8!!! O dia do regresso da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423. 
O sábado, dia 6 de faz hoje 45 anos, foi tempo de os furriéis Neto e Viegas transportarem a sua bagagem (e a do Monteiro) da casa de Viana para o Grafanil, quando, na Estrada de Catete, 
O 1º. cabo Emanuel, o 1º. sargento Barata e
o alferes miliciano Garcia à porta da Sala de
Operações do BCAV. 8423, no Quitexe. No
edifício do Comando do BCAV. 8423
foram interpelados no já desactivado  posto da PSP, por homens armados do MPLA!
Uns 7 ou 8 e até aos dentes! Alguns deles com duas e três armas.
O facto de estarmos fardados e devidamente identificados, não os impediu de tentarem fazer uma busca à viatura e manifestarem o desejo de ficarem com as garrafas de whisky (e outras) que estavam embaladas, para serem transportadas para o avião que no dia 8 nos traria para Lisboa.
Os momentos vividos foram de muito frisson, pois o Neto reagiu de revólver em punho e por momentos sentimos a vida em perigo! O Viegas também de G3 aperrada, pronto para o viesse e desse. 
Grito daqui e dali, dos homens do MPLA e do Neto, e lá fomos embora, em silêncio sepulcral e sem «roubo», até ao Campo Militar do Grafanil. Eu arrepiado, ao lado do Neto - que conduzia o pequeno automóvel da empresa do pai, que tinha uma fábrica em Viana.
Já no Grafanil, perguntei-lhe se sabia o que tinha feito. Mas ele reagiu sem medos: «Matava-os todos!!!! Ai se eles nos tentassem tirar as garrafas!...».
Ainda hoje, passados 45 anos, me arrepio quando, desfiando as nossas memórias da jornada africana de Angola, eu e o Neto nos sentamos à volta da mesa para falarmos desses tempos que não voltam. E ele continua a dizer que «matava-os todos!!!!».


Diário de Lisboa de 6 de Setembro de 1975: «Interferên-
 cias estrangeiras impedem solução para a crise», segun-
do dizia o MPLA. A crise angolana de há 45 anos!

Interferências estrangeiras e internacionalização do conflito 

Há 45 anos, dia 6 de Setembro de 1975, o MPLA continuava a denunciar «interferências estrangeiras» e admitia mesmo «a internacionalização do conflito» angolano. 
O almirante Leonel Cardoso, o novo Alto Comissário (chegado na véspera) afirmava ter saído de Lisboa «sem o conforto da presença no aeroporto de qualquer responsável político ou
militar, ou representantes, a levar-me uma palavra de despedida, de simpatia e de encorajamento», mas não seria isso que, acrescentou, «fará esmorecer a sede de que venho animado e que me levou a aceitar a missão que ninguém queria».
A África do Sul admitira, na véspera, publicamente e pela primeira vez, que as suas tropas tinham entrado em Angola - para protegerem a central de bombagem de Calueque, mas a verdade é que, citando o Diário de Lisboa de 8 de Setembro de 1975, «as tropas sul-africanas permanecem ali estacionadas, referindo uma nota do Governo da África do Sul que retirarão logo que seja possível».
Assim «ia» Angola há 45 anos, precisamente dois dias antes do começo dos voos de regresso dos Cavaleiros do Norte da CCS a Portugal!

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