CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

terça-feira, 8 de setembro de 2020

5 175 - O dia 8 de Setembro de 1975, o do adeus da CCS Angola!

Cavaleiros do Norte do PELREC: 1º. cabo Almeida (falecido a 28/02/2009), Messejana (f. a 27/11/2009),
 Neves, 1º. cabo Soares F. em 04/2018, Florêncio, António, Marcos, 1º. cabo Pinto, Caixarias e 1º. cabo 
Florindo (enfermeiro). Em baixo, 1º.  cabo Vicente (f. 21/1/97), furriel Viegas, Francisco, Leal (f. a 18/6/07),
1~s. cabos Oliveira (TRMS) e Hipólito, Aurélio (Barbeiro), Madaleno e furriel Neto
Os furriéis milicianos Neto, Mosteias (falecido a 5 de
 Fevereiro de 2013, de doença e em Sines) e Viegas, há
45 anos e na messe de sargentos de Carmona

Madrugada de segunda-feira, dia 8 de Setembro de 1975. Os Cavaleiros do Norte estão prontos para arrancar do Grafanil para o aeroporto de Luanda. 
A noite, no geral, foi passada em claro, muito viva e festiva, expectando a hora da viagem de Luanda para Lisboa. Que era a do adeus à jornada africana que nos tinha levado ao Uíge angolano. Ninguém falhou à última chamada, avulsamente feita nas degradadas e não saudosas casernas do BIA.
Um ou outro dos bravos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423 terá passado  pelas brasas, seguramente mal dormido.
«Vamos, malta!...», alguém gritou na madrugada do asfixiante calor africano, como se fosse possível que algum dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423 não respondesse «presente» à última chamada. 
Sabíamos, de antemão, que ficar iria o
capitão António Oliveira, comandante da CCS. Que se despediu do seu pessoal - os Cavaleiros do Norte do Quitexe.
Foi rápido o embarque nas Berliets que nos transportaram até ao aeroporto de Luanda, galgando a Estrada de Catete quando a madrugada se abria sobre a enorme metrópole de Luanda.
O Campo Militar do Grafanil, com a Bandeira
Portuguesa hasteada, em tempo da colonização

Adeus Angola, que
vou para Portugal !

As formalidades de embarque não foram demoradas mas, inesperadamente, os furriéis milicianos Neto, Viegas e Mosteias, foram incumbidos de «trazer» três militares (um, cada um...) com problemas disciplinares, ao tempo detidos em cadeias angolanas e com destino a cumprir resto de penas em Portugal. Algemados até à entrada no avião dos TAM.

Chegámos a Lisboa pelas 8 horas do fim de tarde de 8 de Setembro de 1975. Há 42 anos! Ao Neto e ao Viegas esperava o Benigno, motorista da FRAL (empresa dos Neto´s), jantámos em Alcoentre (bacalhau e vinho branco) e chegámos a Águeda por volta da uma hora da madrugada, a casa dos pais do Neto. Em grande festa familiar! Depois, foi a viagem para a casa do furriel Viegas, que chegava sem ninguém saber e foi acordar a irmã Dulce, para ir acordar a mãe de ambos, há três anos viúva.
«Já vieste, rapaz?!...», perguntou ela, segura de si e segura da chegada, são e salvo, de seu filho que tinha ido para a guerra! 
Foi isto há 45 anos! Dia do nosso regresso da Angola,15 meses depois da partida para a nossa jornada africana. O tempo «voou», mas todos os anos o celebramos em fraterno e salutar convívio.
Cavaleiros do  Norte de Zalala; os alferes Lains
dos Santos, João Sampaio e Pedro Rosas,
com o Pig-Bó (de turbante)

Acalmia geral por
terras de Angola !

O dia da partida da CCS para Lisboa, 8 de Setembro de 1975, foi tempo de se saber que a «a situação político-militar em território angolano não sofreu alterações assinaláveis relativamente ao último fim de semana».
Uma situação, reportava o Diário de Lisboa de 9 de Setembro, que era «caracterizada por uma acalmia geral, depois de o MPLA ter detido o avanço da FNLA sobre Luanda»FNLA que, recordemos, era a «dona» do Uíge por onde jornadearam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e onde, ainda segundo o DL, «parece estar a concentrar forças». 
A sul de Angola, o MPLA «estava quase a completar o cerco às forças da UNITA, essencialmente concentradas em Nova Lisboa e Silva Porto».

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