Os furriéis milicianos Neto e Viegas, ambos «Rangers» e do PELREC, em forma de ir para o mato» |
A 20 de Junho de 1974, hoje se completam 48 anos, iniciou-se a Operação Castiço DIH, dividida por quatro fases e na qual participaram todas a subunidades orgânicas do Batalhão de Cavalaria 8423. E ainda a 41ª. Companhia de Comandos e os Flechas de Carmona.
Fazendo a memória do dia, lembro a véspera e o chamamento do alferes Garcia ao Gabinete de Operações.
«Vamos ter uma operação, saímos às 5 horas da manhã...», disse ele, com ar sério, compenetrado e sem dúvidas, «despachando o serviço», com o juvenil sorriso que quase o envergonhava.
Eu e o Neto, ambos furriéis milicianos e de Operações Especiais (como ele) engolimos em seco, mas tinha de ser. Para isso lá estávamos nós. E iríamos, obviamente.
Jantámos tranquilamente, não comentámos o assunto - assim exigiam as elementares regras de segurança! -, mas passámos discretamente pela caserna do PELREC, para avaliar a disposição do pessoal, que por lá se ocupava em leituras e escritas de aerogramas, a jogar as cartas e a beber umas cervejas.
Era de estilo!
O alferes Garcia se encarregou, seguramente com a mesma discrição, de sondar os alferes António Albano Cruz (mecânico, por causa do transporte) e José Leonel Hermida (responsável pelas transmissões). O furriel Lopes não foi abordado, pois sabia-se que havia enfermeiro «mobilizado» e era fácil acordá-lo a qualquer hora.
E lá fomos!
A nossa jornada pelas matas uíjanas foi de três dias, com duas noites sem sono e sempre alerta, e recordo os sons estranhos desses crepúsculos angolanos, os urros ou grunhidos animais, os guinchos dos macacos e nós sempre de olho aberto e alma a cuidar de nós, em alerta permanente!
Nada nos aconteceu.
O mesmo não pôde dizer a 41ª. Companhia de Comandos, pois um dos seus homens accionou uma mina anti-pessoal e sofreu amputação de um pé.
Almeida e Brito e o capitão miliciano médico M. Leal no encontro de 1997 |
General Carlos Almeida e Brito |
A norte do comandante
Carlos Almeida e Brito !
O comandante Almeida e Brito faleceu há 19 anos, subitamente e no decorrer de uma viagem turística a Espanha.
Oficial de Cavalaria e ao tempo com a patete de tenente-coronel, continuou a carreira militar e atingiu a patente de general.
A memória dos Cavaleiros do Norte configura um comandante decidido e corajoso, qualidades que foram evidentes nos trágicos dias da primeira semana de Junho de 1975 - num tempo dramático, em que o chão angolano foi regado de sangue de centenas (milhares?) de mortos e de sabe-se lá quantos feridos, vítimas das confrontações militares entre FNLA e MPLA e dos ferozes combates então travados e que tantos semearam entre a comunidade. Medos que os Cavaleiros do Norte «derrotaram» - sempre na primeira frentes, destemidos e confiantes, em defesa de civis sem defesa e da segurança de pontos nucleares da cidade de Carmona e outros núcleos urbanos do chão uíjano. - Ver AQUI
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